O Grêmio vem de duas gestões irresponsáveis financeiramente. Primeiro com o presidente Odone em 2011/12 e depois com o presidente Koff em 2013/14. Os dois mandatários, e suas respectivas diretorias, contrataram uma infinidade de técnicos e jogadores caros e, mesmo assim, não levantaram sequer a taça do campeonato estadual. Foram investimentos milionários, em atletas e treinadores que não valiam tanto assim, e que acabaram dando um retorno nada rentável, muito menos glorioso.
Nesse Grêmio, que passou pela transição Olímpico/Arena, criou-se a responsabilidade de montar um grande time, capaz de vencer títulos na nova casa. Para isso, foi instaurada a megalomania das contratações, dentro de um mercado que, sabemos, exige oferta muito boa para seduzir jogadores badalados a deixarem Rio/São Paulo e virem jogar no Sul. O Grêmio entrou nesse leilão ingrato, e apostou suas fichas nos supervalorizados Barcos, Kléber Gladiador, André Santos, Elano, Fernandinho, entre outros.
A verdade é que o Grêmio montou boas equipes, competitivas, mas muito caras para apenas competirem e viverem de boas campanhas. O tricolor gaúcho teve boas campanhas. Foi vice-campeão brasileiro, terceiro colocado em outra oportunidade, semi-finalista da Copa do Brasil duas vezes e, entre 2011 e 2014 esteve em três Copas Libertadores. Não é pouco mas, historicamente, não representa nada. Quase não empolga um torcedor machucado pela falta de títulos.
Zé Roberto queria permanecer, mas seu salário foi considerado caro pela nova diretoria |
As primeiras semanas de gestão do presidente Romildo Bolzan Jr. são de muita discrição, de passos calculados dentro do mercado da bola. O Grêmio finalmente se deu conta que precisa fechar a torneira, precisa buscar o equilíbrio nas finanças e encontrar uma forma que, à médio prazo, torne o clube autossustentável.
Isso resultará em títulos? Sinceramente, em 2015, acho improvável. Mas diferente de outras tempos, agora o Grêmio tem um técnico que tem o direito de errar, coisa que Enderson Moreira, por exemplo, não tinha. Era questionado e pediam sua cabeça a cada derrota. A não ser que faça uma campanha excepcionalmente ruim, coisa de brigar para não cair no BR-15, Felipão não será demitido.
Ou seja, terá uma sequência de trabalho, e isso, de fato, pode render frutos ao Grêmio. Com a espinha dorsal de time que fica para a nova temporada, é improvável que se coloque como um dos postulantes às primeiras posições do Campeonato Brasileiro. Mas é possível montar um time competitivo suficiente para vencer o estatual e a Copa do Brasil.
Não estou dizendo que vai vencer. Contudo, o torcedor não precisa fazer terra arrasada desde então, pensando que time barato não ganha título. É possível sonhar. Mais que isso, é preciso ser responsável e não endividar ainda mais o clube. É hora de evitar o passo maior que a perna. Privilegiar o que já tem em casa e o que vem surgindo da base. Se os dirigentes mantiverem a coerência e não cederem à pressão após a primeira sequência de resultados negativos, o Grêmio, com a Arena e ao lado da torcida, pode fazer a partir de 2015 uma reestruturação financeira importantíssima em sua história.
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