Há cerca de duas semanas um aperto de mão caiu como uma bomba no meio político brasileiro. Em São Paulo, Lula cumprimentava Maluf, na casa do ex-prefeito, e saudava a coligação entre PT e PP para apoiar a candidatura de Haddad à prefeitura paulista. A repercussão é proporcional à aberração política do fato. Para os admiradores do Lula e de seus ótimos oito anos de governo, a imagem choca e causa uma certa decepção. Falo por mim.
Ao encontro da famigerada coligação, outra bomba política caiu sobre a América Latina recentemente. No Paraguai, o então presidente eleito Fernando Lugo sofreu um processo de impedimento e num prazo de dois dias foi deposto do cargo. Dois dias para que se apure provas de acusação e defesa e ainda se julgue um presidente legitimamente eleito é, no mínimo, um prazo inconcebível para um sistema que se diz democrático.
À vistas grossas uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas há sim uma relação de similaridade. E esta similaridade fica evidente depois do artigo do governador do RS publicado blog RS Urgente no último dia 24 de junho. A certa altura de seu texto, Tarso relata:
[...] Aqui, eles não tiveram sucesso porque – a despeito das recomendações dos que sempre quiseram ver Lula isolado, para derrubá-lo ou destruí-lo politicamente – o nosso ex-Presidente soube fazer acordos com lideranças dos partidos fora do eixo da esquerda, para não ser colocado nas cordas. Seu isolamento, combinado com o uso político do "mensalão", certamente terminaria em seu impedimento. Acresce-se que aqui no Brasil – sei isso por ciência própria pois me foi contado pelo próprio José Alencar - o nosso Vice presidente falecido foi procurado pelos golpistas “por dentro da lei” e lhes rejeitou duramente. [...]
O duro fato é que, sem algumas das concessões mais criticadas pelas militâncias de partidos de esquerda, seria improvável que partidos com projetos de desenvolvimento social e econômico de cunho popular chegassem à presidência e promovessem as mudanças de promoveram no Brasil. O PT e o Lula, junto ao Haddad, agora buscam uma maneira de derrotar o PSDB em São Paulo. E apesar de ser um político à moda antiga, da pior espécie, do jargão "rouba mas faz", Maluf ainda conta com um público votante que Lula sabe que pode fazer a diferença. É digno? É, no mínimo, julgável.
Lugo estava isolado no Paraguai, não procurou a tão falada governabilidade. Foi tirado do poder na primeira oportunidade que a oposição direitista viu brilhar.
Se não concordamos com Lula, ao menos podemo compreende-lo e, até, não surpreender-se tanto. Pois o ex-presidente sempre foi um grande negociado, conciliador. Um político nato, fruto da militância sindical, das grandes greves e dos grandes acordos entre classe proletária e patrão.
Outro exemplo poderemos ter bem debaixo do nosso nariz, a partir de 2013, caso Manuela seja eleita prefeita da capital gaúcha pelo PCdoB, com o apoio do PSD de Kassab e a simpatia de Ana Amélia Lemos, do PP.
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