quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tática - dos pontos fracos da nossa imprensa esportiva

Pode até ser uma impressão equivocada. De 2010 para cá, a imprensa do RS especializada em futebol tem batido muito nos treinadores da dupla Grenal. E, não são raras as vezes, se apega à questões de nenhuma importância ou sem nenhum fundamento futebolístico aceitável.
A ferida começou a ser aberta há alguns anos, talvez dois ou três, e alcançou o estágio crítico a partir da Copa do Mundo de 2010. É o "Monstro da Análise Tática". A discussão de ordem tática, que era feita por poucos jornalistas, alguns em veículos de tevê fechada, ganhou espaço na internet e se expandiu através dos blogs. Inevitavelmente a grande mídia teve de absorver essa tendência de jornalismo. O esquema 4-2-3-1 ficou muito em evidência na Copa do Mundo, a imensa maioria das seleções jogaram com essa formatação e ficou impossível de ignorar esse fato e não discuti-lo. Mas discutir sabendo o fazer?
Para os analistas e repórteres do Rio Grande do Sul é inconcebível ganhar um jogo tendo apenas um atacante em campo. Como se só o atacante atacasse. Esse tipo de simplificação é prejudicial à discussão e, por consequência, informa errado o espectador/ouvinte/leitor e cria no clube um clima de muito desconforto, até porque nem todo dirigente sabe tanto assim de bola quanto deveria. Assim, cai Celso Roth, cai Silas, cai Fossati, quase cai Falcão, quase cai Renato.
Não existe só o 4-4-2 e o 3-5-2. Não dá para esquecer que em 2010 o Inter venceu a Libertadores no 4-2-3-1. Assim como a Espanha venceu na Copa do Mundo. O Barça ganha tudo no "faceiro" 4-3-3. Ai de Falcão escalar o Inter num 4-3-3; ou de Renato, de tentar um 4-1-3-2, como já tentou e deu errado esse ano, e como deu muito certo no Estudiantes campeão na Libertadores de 2009. No Olímpico ou no Beira-Rio, quem não montar sua equipe no 4-4-2 abrasileirado, com dois zagueiros, dois laterais, dois volantes, dois meias e dois atacantes, das duas uma: ou é retranqueiro ou é ofencivista demais.
Grêmio e Internacional estão longe de ter uma temporada incontestável. Mas que se conteste com maior embasamento e critério. Sábado passado, Portaluppi foi crucificado por escalar um 4-5-1, com apenas Viçosa no ataque e um Gabriel inventado no meio de campo. Perdeu de 3 a 1 para o bom São Paulo, no Morumbi. E perdeu só pelo esquema e pela invenção? Renato tentou um 4-4-1-1 que tivesse rapidez de se fechar e defender pelos lados e a capacidade de sair em bloco, com as chegadas dos wingers Lúcio e Gabriel passando e dando a opção de Douglas lançar. Não deu certo porque lá na frente o Viçosa não soube reter a bola, Douglas não soube jogar de costas para a área, e a linha de quatro no meio muitas vezes não foi uma linha de quatro. O que quero dizer é que também poderia ter dado certo, e o fracasso pelo esquema diferente não pode ser uma obviedade, como parece ser para tantos.
Facão está batendo de frente com as análises equivocadas que recheiam os comentários da imprensa gaúcha. E quem bate de frente com a imprensa apanha, é taxado de chato ou professor pardal quando fala de tática nas entrevistas coletivas.
Os jornalistas estão expostos. Poucos entendem ou conseguem ler esquemas táticos. Aí atacam, falam que é bobagem, que treinador não ganha jogo, só atrapalha, que só o jogador faz a diferença, que esse ou aquele não podem jogarem juntos, ou devem jogarem juntos, que três volantes é absurdo, que três atacantes é absurdo. Quem não entende desprestigia, então simplificam demais o futebol e a discussão acerca do tema, tornando-a muitas vezes supérflua.
E volto a repetir, Renato e Falcão, Grêmio e Inter, ainda estão devendo muita bola. Mas debate tido como especializado também está devendo e precisa subir de nível.

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