O ano para o Grêmio não bom nem ruim, ficou na média dos anos desta década que se acaba. Nenhum título de expressão, nada além do Gauchão e uma vaguinha suada para a Copa Libertadores do próximo ano. Muito mais que isso o Grêmio não fez de 2002 pra cá, teve dois vices, da Libertadores-07 e do BR-08. Mas como em 2003, 2004, 2005, 2008 e 2009, mais uma vez o Tricolor não acabou o ano com o mesmo treinador de janeiro.
O algo diferente de 2010 com certeza é o retorno de Renato Portaluppi ao estádio Olímpico. O maior ídolo da história do Grêmio pegou uma barca furada e afundando, quando assumiu o time estava na 18° posição, tinha apenas duas vitórias, seis empates e cinco derrotas no BR-10, fora os problemas de vestiário. Herança de Silas.
Quando o diretor de futebol Luis Onofre Meira e o presidente Duda Kroeff anunciaram que Silas seria o treinador do Grêmio em 2010, torcida e imprensa torceram o nariz e duvidaram da capacidade do treinador. Mas Silas aos poucos foi ganhando a confiança, depois de alguns testes, depois da chegada de alguns reforços como o zagueiro Rodrigo e do meia Douglas e depois da derrota no Grenal. Depois do clássico, o Grêmio encabeçou uma sequência de 16 jogos sem derrota.
O time base do Silas era escalado no 4-4-2 à brasileira, com dois zagueiros, dois laterais, dois volantes, dois meias e dois atacantes. Os grandes trunfos do Grêmio que venceu o 1° turno e depois o Gauchão e foi semifinalista da Copa do Brasil era a segurança de Rodrigo na zaga mais a eficiência tática e os gols de Maylson, Jonas e Borges. O time base era: Victor, Edilson, M.Fernandes, Rodrigo, F.Santos; Ferdinando (Adilson), Rochemback (W.Magrão), Maylson, Douglas; Jonas, Borges.
Depois de dois jogaços contra o Santos, pela semi-final da Copa do Brasil, a eliminação da competição, as seguidas lesões, as equivocadas declarações de Silas e certo atrito com alguns jogadores, os resultados não apareceram mais. O Grêmio não conseguiu recuperar aquilo que perdera enquanto priorizara a Copa do Brasil. A parada da Copa do Mundo parecia a solução, mas depois as coisas só pioraram. O Grêmio voltou diferente, Silas tentou o 3-5-2 mas não conseguiu vencer. Depois de uma sequência de derrotas e empates, perder para o Fluminense dentro do Olímpico e permanecer na zona do rebaixamento foi a gota d'água.
Silas e o responsável pelo departamento de futebol, o Meira, caíram. Veio Portaluppi, sem muita demora, sem muita expectativa, mas com um imenso apelo à torcida. Com pinta de messias tricolor para os gremistas, Renato maneirou no discurso e foi realista. Disse que a situação era complicada e que o campeonato do Grêmio era não ser rebaixado.
Mas com muito papo, conversa de boleiro para boleiro, Renato deu jeito no no vestiário bagunçado do Olímpico. Não foi fácil, porém, achar sua equipe. Portaluppi perdeu alguns jogos e foi eliminado da Sul Americana até começar a ganhar o segundo turno do BR-10.
Vieram alguns modestos reforços, que no campo deram resultado, como Vilson, Paulão, Viçosa e Clementino. Veio também o excelente lateral direito Gabriel. Por necessidade, num jogo contra o São Paulo, Renato encaixou o time num 4-4-2 com meio em losango, liberando Douglas para articular e apostando em dois volantes apoiadores nos lados do losango. Foi aí que Lúcio cresceu, improvisado no meio, pelo lado esquerdo. Não tendo Borges até o final do ano, por conta de lesão, André Lima fez dupla com Jonas, e fez muitíssimo bem ao 7 goleador.
Foi o ano dos camisas 7 no Grêmio. Imortalizada e endiabrada por Renato em 1983, a 7 de Jonas foi o terror dos sistemas defensivos do BR-10. A atacante gremista chegou aos 23 gols e foi o goleador isolado do campeonato. Os conselhos de Renato ao pé do ouvido de Jonas surtiram efeito.
No 2° turno do BR-10 só deu Grêmio. O tricolor acabou como líder do returno e na quarta colocação da classificação geral, resultado premiado com a vaga na Libertadores de 2011 só depois do término do Brasileirão.
Não deixa de ser um ano razoável, que mais uma vez poderia ser bem melhor. E vem aí um ano que promete, tento o Grêmio uma direção nova, um time base forte e pronto e a eminência de receber reforços pontuais. A possível vinda de Ronaldinho ainda não passa de possível. Mas é um possível bom negócio, que dificilmente naufragará no campo dos negócios, mas pouco adiantará se R10 não jogar futebol.
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