Renato Portaluppi gosta de arriscar, e já iniciou seu trabalho no Grêmio arriscando. Arriscando assumir o comando assim que chegou a Porto Alegre, ir para o jogo poucas horas depois e perder o jogo e a classificação. Justamente o que aconteceu.
Apostou-se na mística. Que o Renato chegaria no começo da tarde, aeroporto lotado, torcida insandecida, declaração de amor ao clube. Logo depois a primeira coletiva como treinador do Grêmio. Aí concentração, conhecer os jogadores, fazer uma preleção de incendiar o vestiário, entrar em campo com o Olímpico cheio, torcida à favor, patrolar o Goiás e se classificar na Sul-Americana. Tudo isso no espaço de tempo de oito horas. Torcida e presidente acreditaram nisso, que seria assim, como num sonho.
Não vi o jogo. Na verdade, mal escutei. Por isso não vou entrar no mérito de comentar o jogo, e sim a situação. O problema do Grêmio não é um simples mal momento, que vez ou outra acontece no futebol. Já são 10 partidas sem vitória. Um treinador, um diretor de futebol e um jogador já foram demitidos. As declarações de Renato Portaluppi e Souza, depois da derrota de 2 a 1 para o Goiás, são emblemáticas. O Grêmio tem problemas, e não parecem simples.
Disse o treinador, na coletiva: "Temos problemas e não são poucos. Já tenho algumas conclusões. Eu pego rápido as coisas. Eu tenho trocado ideias com a diretoria. Não são poucos os problemas, mas nós vamos resolver". Souza, na saída de campo, também falou: "Na minha opinião, tem muita coisa que precisa ser consertada. Vamos ver o que o professor vai fazer".
Ao contratar Portaluppi, o Grêmio não apostou só no trabalho do treinador, mas também na mística do nome. Viu-se hoje que não é só mística que ganha jogo. Ela ajuda, e os gremistas sabem disso como poucos, mas um time bem armado e jogando bom futebol ajuda muito mais. Com certeza é isso que Renato quer e vai ter tempo de (tentar) fazer, que é não depender tão só da mística, mas também dos gols de Jonas e Borges, dos passes do Douglas, dos dribles e dos chutes de Souza etc.
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