terça-feira, 29 de julho de 2014

Grêmio da falta de convicção e do pensamento mágico

O primeiro pensamento mágico da atual gestão do Grêmio é ela mesmo. Apostou-se que Fábio Koff voltaria à presidência do clube para reconquistar os títulos que há mais de década o tricolor não ganha. Apesar de uma razoável administração fora do campo, dentro dele foram prometidas metas que não passaram perto de serem cumpridas. A não ser que vença o improvável BR-14 ou a possível, porém complicada, Copa do Brasil. As fórmulas que deram certo nos anos 80 e 90 não funcionam mais em 2014. Por mais competente que seja - e Fábio Koff é -, é demasiado imaginar que uma pessoa seja capaz de descer ao vestiário, impor respeito a comissão técnica e jogadores, motivar, contratar, atuar politicamente nos bastidores e levar nas costas um clube de futebol à conquistas.

O segundo pensamento mágico foi a contratação de Renato Portaluppi ano passado, após a saída de Vanderlei Luxemburgo. O maior jogador da história do Grêmio voltava para reatar a parceria vitoriosa com o presidente em 83 e, principalmente, servir como atrativo para o torcedor comparecer em maior número na Arena.

Antes de fechar os dois anos da atual gestão, o Grêmio parte para mais um pensamento mágico na tentativa de voltar às suas maiores glórias. Depois da demissão de Enderson Moreira, Koff foi a São Paulo buscar Luiz Felipe Scolari. O treinador multi-campeão pelo tricolor gaúcho retorna depois de 18 anos e, assim como Portaluppi, tentará repetir a pareceria vitoriosa da metade dos anos 90.

Convicção
Ao final de 2014, a gestão Koff completará 24 meses no comando do Grêmio e quatro treinadores contratados. Na média, uma troca a cada seis meses. A partir desse ponto, é possível constatar alguns aspectos. Primeiro, e mais fundamental: não há convicção. No início de 2013 o departamento de futebol acertou a renovação com Luxemburgo a contragosto. Não era o nome preferido da diretoria. Na sequência, Renato Portaluppi foi segundo colocado no Brasileirão e descartado, sem receber uma merecida valorização por parte do clube. Então aparece Enderson Moreira, que é mantido mesmo após os fracassos no Gauchão e na Libertadores. Faz um Campeonato Brasileiro razoável e quando recebe peças de qualidade é dispensado na primeira derrota. E se vencesse, seguiria? Com que respaldo?

Aliás, os profissionais que vem atuar pelo Grêmio, sentem-se respaldados pela diretoria? Falo de jogadores, preparadores físicos, auxiliares, técnicos etc. Ninguém trabalha tranquilo sabendo que pode ser demitido a cada rodada ou execrado a cada gol perdido.

Felipão
O novo treinador gremista é um vencedor inquestionável, de carreira gloriosa, de muito mais acertos que erros. Ficou marcado pela última passagem na Seleção, após uma péssima Copa do Mundo. O que não significa que fará um péssimo trabalho no Grêmio, assim como seu passado também não é garantia de glória no presente. 

Com todo respeito que merece, pois não acho que seja ex-técnico, apesar de entender que seja sim defasado para assumir uma Seleção Brasileira, Scolari volta ao Grêmio para ganhar um salário astronômico e fazer pouco mais, talvez, do que Enderson. E ter menos tempo para trabalhar, e menos possibilidade de ganhar um título.

Acredito que não seja saudável para os cofres do Grêmio, tampouco para a imagem vencedora de dois ícones da história do clube como Koff e Felipão, que se arriscam agora a uma trajetória que tem tudo para ser mais uma razoavelmente boa, mas sem títulos - como tem sido os últimos anos do tricolor gaúcho.

Tomara que eu morda a língua.

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