Há dez meses, Celso Roth deixava o Vasco para assumir o Internacional pela terceira vez. Ou a quarta, considerando que trabalhou nas categorias de base em 1993 e 1994. Em junho de 2010 o Inter decidiu por trocar o comando técnico prestes a jogar uma semi-final de Libertadores. Até ali, chegara aos trancos e barrancos, sob o comando de um Jorge Fossati que vencia, mas não convencia e pouco fazia o Inter jogar.
Curiosamente, a situação de Fossati se assemelha a do Roth em 2011. E assim vem desde a bisonha derrota para o Mazembe, no Mundial de Clubes, em dezembro - momento, talvez, mais adequado para trocar o treinador. O Inter de 2011 faz boa campanha na Libertadores, vai razoável no Gauchão, mas não joga o futebol que pode jogar, ou o futebol que a imprensa quer que jogue ou o que a torcida quer que jogue e empolgue.
Roth não mostra os dentes para a imprensa, não é de sorriso fácil. Fator que o prejudicou a carreira inteira, pois Roth tem lá suas virtudes, tem competência, sabe de bola. Mas sabe muito pouco ser flexível, tanto no trabalho de campo quanto no trabalho com o público. Não conquistar a simpatia da imprensa esportiva, especialmente no RS, pode ser fatal. Não que tenha sido desta vez específica, mas batem em Roth além da conta. E isso reflete na arquibancada, no clima desfavorável que se cria entre torcida e técnico. O diretor de futebol do Inter foi taxativo na coletiva que anunciou a saída de Celso. Falou Siegmann: "Não tenho como negar que a forte pressão da torcida colaborou na decisão."
Pauta frequente durante esses dez meses de Roth no comando colorado foi o esquema de jogo. Muito discutiu-se, a maioria das vezes sem embasamento nenhum, sobre a opção por um atacante ou três volantes. Quando chegou, para enfrentar o São Paulo na semi-final da Libertadores, Celso Roth montou o time conforme a tendência que seguiam (seguem) os grandes clubes do mundo, inclusive a Espanha campeã do Mundo aquele mesmo mês, no 4-2-3-1.
O diferencial é que na Libertadores o Inter tinha Taison que, pela esquerda na linha de três meias, dava toda a mobilidade e dinâmica que o time precisava. Depois do Bi, Celso Roth perdeu esse jogador, mas não perdeu a teimosia. Pecou por insistir demais e ver seu time jogar de menos. Nem Sobis, em 2010, nem Zé Roberto, em 2011, fizeram o que se espera de um meia que atua pelos lados num 4-2-3-1.
Com Celso Roth, teimosia e convicção se confundem, o que acaba pesando muito no histórico de sua carreira no futebol. No Inter, apostando e rasgando elogios a Wilson Matias e Zé Roberto, puxando a orelha de D'Alessandro e Oscar, dando entrevistas infelizes e perdendo para o Mazembe (não sozinho, diga-se!) com Alecssandro de titular e Damião no banco, Celso Roth construiu um ambiente completamente desfavorável para seguir trabalhando, e acabou pagando por isso. A derrota e a atuação contra o Jaguares foram apenas gota d'agua.
Em 51 partidas oficiais nesta passagem, venceu 25, perdeu 12 e empatou 14. Com um título da Libertadores no armário, não dá para dizer que foi negativa a terceira passagem pelo Beira-Rio, só podia ter sido mais glamurosa. Mas isso, fica para uma próxima...
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