quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A culpa não foi de Elano e Zé Roberto

Fernando Gomes / Agência RBS
O Grêmio perdeu nesta última quarta-feira para o fraco Criciúma, dentro da Arena. Curiosamente, no retorno de Elano e Zé Roberto ao time titular. Se antes, os dois passaram a ser descartáveis para o técnico Renato Portaluppi, agora, do dia pra noite, passam a ser também para crônica e torcida. Os dois principais jogadores do Grêmio em 2012. O Zé Roberto, de um primeiro semestre inclusive cotado para Seleção Brasileira. Os dois, após uma derrota, jogadores ultrapassados.

Ora, eles não tem culpa na derrota de ontem? Claro, a mesma culpa de Renato Portaluppi e dos outros nove jogadores em campo. 

No futebol, uma variável infinita de fatores determina se uma equipe vai ganhar, perder ou empatar. Pior que a dupla Elano e Zé, contra o Criciúma, foi o técnico Renato. Mais letal que o próprio Criciúma, foi o próprio acaso a que qualquer equipe está sujeita em uma partida de 90 minutos. A história do jogo seria outra se o camisa 10 do Grêmio encobre o Gallato - como fez, depois de lançamento preciso de Elano - e coloca mais meia fração de força na bola chutada. Mais tarde, ainda zero a zero, se o juiz tivesse marcado pênalti sobre o mesmo Zé Roberto que perdera um gol imperdível minutos antes. O Grêmio fez bom primeiro tempo. Não fez o gol, e deu o azar (e teve sim a incompetência) de levar gol do 18° colocado do BR-13. O que não invalida a bela companha que vem fazendo a equipe de Renato Portaluppi nesse campeonato.

O técnico gremista cometeu dois grandes erros. O primeiro deles foi não ser político. Não sendo Zé Roberto e Elano titulares, precisam eles serem boas opções de banco. Precisam ser utilizados, ganhar ritmo, sentirem-se úteis e se habituarem a maneira de jogar que levou o Grêmio à vice-liderança. Renato tinha que ser político, e não utilizá-los apenas quando não há outra alternativa. É complicado depender de quem você não está prestigiando.

O outro erro foi a mudança abrupta de postura. A equipe vinha atando no 3-5-2 ou no 4-3-3. Em ambos os esquemas a estratégia era exatamente a mesma: defender, marcar intensamente no campo do adversário e aproveitar as poucas oportunidade criadas. Contra o Criciúma, não tendo Riveros, Ramiro e Kléber, jogadores fundamentais na maneira de jogar do Grêmio vice-líder, Portaluppi colocou ao lado de Souza um volante marcador para proteger os então dois zagueiros e na frente escalou uma linha de três meias muito técnicos e pouco marcadores.

Por característica, o Grêmio de ontem precisava ser o mandante de fato do jogo, valorizar a posse da bola e abrir espaço com paciência e inteligência. Apesar do bom primeiro tempo, faltou intensidade, paciência e tranquilidade para fazer aquilo que desde janeiro Luxemburgo tentou fazer no Grêmio em 2013: ser um time técnico e cadenciado. O Grêmio de Renato não vem sendo assim, e ontem, quando fugiu disso, teve muitas dificuldades. Principalmente em um segundo tempo que precisava buscar o resultado. Não deu certo.

O BR-13 segue e o Grêmio segue, sem muito se abalar por uma derrota circunstancial. Muito pior seria ter perdido para o Botafogo, por exemplo, concorrente direto na tabela. O que é possível lamentar, talvez, é que jogadores da qualidade de Elano e Zé Roberto percam espaço por um erro de avaliação da comissão técnica e por conta de uma derrota em casa completamente pontual e isolada.

Não esqueçamos que o Grêmio ainda é vice-líder. 

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