terça-feira, 30 de julho de 2013

As derrotas de um Gre-Nal de torcida única

O Ministério Público acatou o pedido da Brigada Militar: o clássico 397 terá presente apenas a torcida do Grêmio. A BM avaliou que não teria condições de dar segurança ao torcedor colorado no deslocamento do Beira-Rio até a Arena. A decisão implica, necessariamente, em duas derrotas doloridas para todos nós.

A primeira, e mais urgente, é a desistência do poder público quanto a inibição do torcedor violento. A tabela do BR-13 é conhecida desde o início do ano, portanto sabe-se a data e o local do clássico há bons meses. Se nesse tempo todo a BM não achou maneira de viabilizar um Gre-Nal na Arena, qual é a perspectiva de que isso aconteça nos próximos anos? Temo que o próximo domingo marque o início de uma era triste: a dos clássicos de torcida única.

A Brigada Militar, dessa forma, admite publicamente que o torcedor violento está vencendo e, aos poucos, se tornando em um monstro incontrolável e absoluto dentro dos estádios de Inter e Grêmio. Essa sensação de impotência da BM e de eminente tensão nos campos de futebol, absolutamente em nada corresponde com a verdade. A violência dentro do estádio existe, mas infelizmente o terrorismo que se faz em torno de focos isolados - identificados e identificáveis - a torna um artificio para que o torcedor bom abandone os jogos.

Ao contrário do que parece, o torcedor ruim não tem força para enfrentar o poder público. Basta, contudo, que esse poder em questão faça-se presente. Não batendo, nem jogando spray de pimenta ou caindo em provocação barata, mas sim identificando, prendendo, cadastrado e inibindo a presença do malfeitor no estádio. Se por um lado é ousadia, e desacato à autoridade, chamar o policial pra briga e xingá-lo de tudo quanto é forma, do outro lado é completamente besta e antiprofissional corresponder da mesma forma. Me preocupa que o policial aja como um torcedor irracional e descontrolado. Ele precisa ser íntegro, calmo e assertivo, mesmo não deixando de ser rígido, por mais que isso pareça impossível, é o papel da policia, e precisa ser cumprido.

A segunda derrota é a nossa quanto sociedade civilizada. É inadmissível que tenhamos que ser escoltados por policiais militares para que não entremos em confronto corporal com torcedores de times rivais. Por um esporte. Por uma camiseta vermelha ou azul. Por um gol, um título a mais, uma taça a menos. Por bobagens simbólicas nos matamos, e só não o faremos porque estamos sendo vigiados, filmados ou policiados. É uma pena. 

Que o poder público não vire as costas e aposte em políticas severas de punição para que possamos todos ser mais civilizados. 

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