sexta-feira, 29 de junho de 2012

Coligações bizarras e o outro lado da moeda

Há cerca de duas semanas um aperto de mão caiu como uma bomba no meio político brasileiro. Em São Paulo, Lula cumprimentava Maluf, na casa do ex-prefeito, e saudava a coligação entre PT e PP para apoiar a candidatura de Haddad à prefeitura paulista. A repercussão é proporcional à aberração política do fato. Para os admiradores do Lula e de seus ótimos oito anos de governo, a imagem choca e causa uma certa decepção. Falo por mim.

Ao encontro da famigerada coligação, outra bomba política caiu sobre a América Latina recentemente. No Paraguai, o então presidente eleito Fernando Lugo sofreu um processo de impedimento e num prazo de dois dias foi deposto do cargo. Dois dias para que se apure provas de acusação e defesa e ainda se julgue um presidente legitimamente eleito é, no mínimo, um prazo inconcebível para um sistema que se diz democrático.


À vistas grossas uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas há sim uma relação de similaridade. E esta similaridade fica evidente depois do artigo do governador do RS publicado blog RS Urgente no último dia 24 de junho. A certa altura de seu texto, Tarso relata:

[...] Aqui, eles não tiveram sucesso porque – a despeito das recomendações dos que sempre quiseram ver Lula isolado, para derrubá-lo ou destruí-lo politicamente – o nosso ex-Presidente soube fazer acordos com lideranças dos partidos fora do eixo da esquerda, para não ser colocado nas cordas. Seu isolamento, combinado com o uso político do "mensalão", certamente terminaria em seu impedimento. Acresce-se que aqui no Brasil – sei isso por ciência própria pois me foi contado pelo próprio José Alencar - o nosso Vice presidente falecido foi procurado pelos golpistas “por dentro da lei” e lhes rejeitou duramente. [...] 


O duro fato é que, sem algumas das concessões mais criticadas pelas militâncias de partidos de esquerda, seria improvável que partidos com projetos de desenvolvimento social e econômico de cunho popular chegassem à presidência e promovessem as mudanças de promoveram no Brasil. O PT e o Lula, junto ao Haddad, agora buscam uma maneira de derrotar o PSDB em São Paulo. E apesar de ser um político à moda antiga, da pior espécie, do jargão "rouba mas faz", Maluf ainda conta com um público votante que Lula sabe que pode fazer a diferença. É digno? É, no mínimo, julgável.

Lugo estava isolado no Paraguai, não procurou a tão falada governabilidade. Foi tirado do poder na primeira oportunidade que a oposição direitista viu brilhar.

Se não concordamos com Lula, ao menos podemo compreende-lo e, até, não surpreender-se tanto. Pois o ex-presidente sempre foi um grande negociado, conciliador. Um político nato, fruto da militância sindical, das grandes greves e dos grandes acordos entre classe proletária e patrão.


Outro exemplo poderemos ter bem debaixo do nosso nariz, a partir de 2013, caso Manuela seja eleita prefeita da capital gaúcha pelo PCdoB, com o apoio do PSD de Kassab e a simpatia de Ana Amélia Lemos, do PP.

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