Habemus Papam
Alguns dados sobre um filme dizem muito sobre ele mesmo. Pois então vejamos Habemus Papam, uma comédia dramática européia, filmada na Itália, dirigida pelo cineasta esquerdista, ateu, e muitas vezes autobiográfico, Nanni Moretti. A partir dessas informações podemos ter uma ideia do que veremos na tela do cinema. Sem nenhum tipo de surpresa, Habemus Papam é tudo aquilo que você imaginou que seria. O que não desvaloriza o bom filme de Moretti.
A história, escrita e dirigida pelo premiado cineasta italiano, se passa dentro do Vaticano, logo após a morte de João Paulo II, quando os cardeais do mundo inteiro se reúnem para escolherem o novo líder da Igreja Católica. Enquanto milhares de fiéis e a imprensa se aglomeram nas ruas do Vaticano, esperando o fim do conclave e a fumaça branca sinalizando um novo papa, lá dentro a votação é confusa, não consenso. O que há é uma espécie de pânico geral. Do favorito ao menos cotado, ninguém quer ser o Papa. Uma das boas cenas de comédia do filme são essas orações que cada um faz pedindo à Deus para não ser o escolhido.
Acaba que Melville, um dos cardeais imperceptíveis e contidos do conclave, é o escolhido. Um alívio geral. Mas uma bomba que explode na cabeça de Melville, que nunca se imaginou como tal santidade. O então novo Papa entra em crise, não consegue de jeito nenhum ir até a sacada do Vaticano para saudar os fiéis e ser saudado. Enquanto o Papa não se apresenta, oficialmente o conclave não terminou e os cardeais não podem deixar as dependências da Santa Sé, não pedem ter nenhum tipo de contato com o mundo exterior. Isso causa uma confusão geral, pois de fora, ninguém sabe o que se passa lá dentro, sendo que há dois ou três dias a fumaça branca já apareceu.
O drama e a comédia ganham ritmo quando o assessor de imprensa do Vaticano contrata o maior psicanalista da Itália para tratar o novo Papa. Este é o papel de Moretti, que sempre atua em seus filmes. O psicanalista não consegue se aproximar de Melville, o sistema dentro do Vaticano o impõe barreiras que não permitem que faça seu trabalho da melhor maneira. O personagem de Moretti é quase o próprio Moretti, um ateu que faz um contraste fundamental para o filme quando também fica confinado junto a todos os cardeias.
O Papa, ainda anônimo, vai pro mundo. Ou melhor, pra Roma. Vai pensar em tudo, na vida, na Igreja, nas suas frustrações. Enquanto o drama fica na rua, com Melville buscando se conhecer, buscando uma santidade que ele não enxerga, a comédia fica dentro do Vaticano, com Moretti e os cardeais.
Habemus Papam, ao contrário do que possa parecer, não tem um humor ácido e agressivo. É um filme que pode agradar gregos e troianos, crentes e descrentes. O que Nanni Moretti faz é humanizar aquelas pessoas e aquele processo, principalmente a figura maior do cristianismo na Terra, o Papa que, no filme, é um senhor simpático, cativante, mas confuso como qualquer outro ser humano em crise.
Classificação PoA Geral
- Obra
- Baita Filme
X Bom Filme
- Bem Bacana
- Legal
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo
Gênero: Comédia, drama
Duração: 102 min.
Origem: Itália e França
Duração: 102 min.
Origem: Itália e França
Direção: Nanni Moretti
Roteiro: Nanni Moretti, Francesco Piccolo, Federica Pontremoli
Distribuidora: Vinny Filmes
Censura: 12 anos
Ano: 2011 Censura: 12 anos
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- Legal
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo
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