segunda-feira, 14 de março de 2011

Filme de Segunda

Bruna Surfistinha
Tenho um sentimento dúbio quanto ao filme que conta a história de Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha. Não se pode dizer que é ruim o filme do diretor Marcos Baldini, sua estreia nas telonas. Mas dá para por em dúvida o que há de verdade e o que há de fantasia no filme Bruna Surfistinha, aí tira um pouco do brilho do trabalho. Talvez tenha a ver com o roteiro, escrito em conjunto por Raquel Pacheco e Homero Olivetto, baseado no best-seller lançado pela ex garota de programa há alguns anos, O doce veneno do escorpião.
Não li o livro e nem era profundo entendendor da vida da Bruna Surfistinha antes de assistir ao filme, mas andei lendo algumas coisas, algumas entrevistas da própria Raquel. E há, no filme, uma certa proteção à personagem e, consequentemente, à personalidade. Raquel tinha problema com roubo, um quadro de cleptomania, o que não fica explicito, talvez nem subentendido no filme de Baldini. Na fase adolescente, a Raquel do filme é uma menina totalmente introvertida, e não a rebelde que estava sempre em pé de guerra com os pais. O filme não trás cenas fortes de briga dentro de casa. Mais adiante, já garota de programa, quando deixa seu primeiro emprego como prostituta, não o faz como vítima, sendo expulsa pela cafetina, como vemos no filme. Na real, ela saiu por vontade própria.
Chego a conclusão que Bruna Surfistinha foi filmado com todos os cuidados para ser um sucesso, digestível aos mais diversos públicos. Nesse ponto, Marcos Baldini acerta a mão, pois o filme já é um sucesso de público. E funciona bem na tela, é bom de assistir, tem boa trilha sonora e tem uma boa história a contar.
Débora Secco interpreta uma jovem que foge de casa aos 17 anos e, desde o momento que saiu de casa e decidiu se prostituir é, pelos seus meios, uma vencedora. Foi bem sucedida como garota de programa, como blogueira, como escritora e, agora, como personagem de cinema. Raquel Pacheco foi adotada por uma família burguesa e conservadora, sempre teve de tudo mas nunca teve bom relacionamento com os pais nem com o irmão mais velho que, ao que tudo indica, não a aceitava. Raquel ainda tinha dificuldade de se relacionar na escola. Esse contexto acaba culminando no seu alterego, Bruna Surfistinha.
Embora seja lugar comum para Débora Secco personagens com esse perfil, Bruna Surfistinha é um papel desafiador para a atriz. Não é um trabalho fácil de aceitar e fazer. Débora teve coragem, se entrega no filme e não deixa a desejar. Não me convenceu no início como colegial, mas depois cresce no filme e vai bem até o final.
O elenco como um todo é bacana. Tem a Fabiula Nascimentoque que já tinha feito uma prostituta no filme Estômago, tem a Drica Moraes de cafetina, tem o Cássio Gabos Mendes como o cliente gente fina, e várias outras coisas legais.
Bruna Surfistinha vem bem à calhar, pois sexo sempre vem bem a calhar e o filme, como não poderia deixar de ser, é classificação 18 anos e é repleto de cenas de sexo. Não é apelativo, está tudo dentro do contexto da história. Sexo ainda é tabu, a sociedade ainda é muito moralista e conservadora, quando, então, de repente, uma ex-prostituta vira personagem de livro e filme, contando suas histórias de sexo.
Não deixa de ser curioso que a profissão mais antiga do mundo seja tratada tão à margem da sociedade, ao mesmo tempo que essa sociedade tão moralista e conservadora usufrui dos serviços dessas garotas de programa pagando rios e mais rios de dinheiro. Está aí mais um tema importante a discutir-se a partir de Bruna Surfistinha.
Sem dúvida Bruna Suristinha é um filme que vale a pena, vale o ingresso e a atenção. Depois, vale também a discussão e a reflexão, daí podemos escolher os temas: relacionamento com os pais, sexo, prostituição, drogas, sucesso. Fica ao gosto e desgosto do espectador!
Classificação PoA Geral
- Obra
- Baita Filme
X Bom Filme
- Bem Bacana
- Legal
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo
- Inclassificável

2 comentários:

  1. No quesito açougue há uma certa aflição, pois os seios da Débora Secco não se mexem nunca. NUNCA. Isso, confesso, incomoda um pouco.

    Mas, de resto... tá sensacional.

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