terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Livro das Perguntas

Por Aline Luisa (@alinebilu)
Começo a crítica literária não pelo livro, mas pelo leitor. Ora meu caro, sei que você tem lido pouco porque não tem tempo pra isso e bla bla bla. Pois é, eu também já fui assim, mas acredite, nada na vida é melhor do que 'desperdiçar' tempo usando a imaginação, lendo e criando situações, se colocando no lugar das personagens, sentindo as emoções que só um livro desperta. Essa ladainha toda é pra dizer uma coisa: LEIA MAIS. 

Ok, já sei, você não tem tempo! Mas faça um favor à si mesmo e leia ao menos UM livro este ano, e que o eleito seja o Livro das Perguntas do maravilhoso poeta chileno Pablo Neruda. Por que?! Eu explico: O livro tido como testamento poético de Neruda,  reúne perguntas das várias crianças que existem dentro do poeta, conflitando com o homem narigudo e feio que ele se tornou. Apesar das perguntas que só uma criança em sua ingenuidade poderia formular, e de algumas respostas dadas por elas mesmas nos cometários finais do livro, muitos autores não o classificam como literatura infantil, nem como adulta, ou seja, sem restrições, inclusive de pensamentos. 

Muitos são os questionamentos, mas nem sempre passíveis de resposta, alguns são apenas maneiras novas de refletir sobre o cotidiano. Um exemplo da sensibilidade aguda de Neruda é a passagem “De que cor é o perfume? Do pranto azul das violetas?”ou ainda “Não será nossa vida um túnel, entre duas vagas claridades?”. O poeta consegue transformar melancolia em pura beleza quando pergunta “Há alguma coisa mais triste no mundo que um trem imóvel na chuva?”. As ilustrações incríveis do artista plástico Isidoro Ferrer, ajudam a dar um nó maior ainda  nos nossos cérebros preguiçosos e acomodados. 

O livro póstumo foi lançado em 1974 pela editora argentina Losada, no mesmo ano da morte do poeta, mas só em 2008 a Cosac Naify publicou no Brasil, a tradução fica por conta de ninguém mais ninguém menos que Ferreira Gullar. Uma coisa que me chama atenção em alguns autores, é a capacidade de despertar interesse tanto em literatos como em réles mortais, como você aí, que tá pensando em quantas página esse livro tem. Por isso que o narigudo é um dos meus favoritos, por ser daqueles que te fazem pegar gosto pelta leitura, que despertam uma fome insaciável pelos livros e transformam vidas. Sim, porque o Livro das Perguntas vai além, é, na verdade, uma experiência literária que deve ser repetida em várias fazes da vida, pra que tenhamos maturidade e infantilidade suficiente para rir de si mesmo e se perguntar “Há coisa mais boba na vida que chamar-se Pablo Neruda?”

*Aline é estudante de jornalismo  

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