quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Que momento, Wander!

Por incrível que pareça, aos 50 anos de idade, Wander Wildner está no auge de sua forma intelectual e musical. Não por nada, o músico, nascido em Venâncio Aires, é destaque na mais recente revista Senhor F, o selo independente mais importante do país, se não o mais! Em texto de Fernando Rosa, a revista destacou Wander como o personagem da década no Brasil. Nesses últimos anos Wander foi diversas vezes ao Cafezinho, da rádio Pop Rock, diversas vezes ao programa Radar, da TVE, perdi as contas de quantas vezes o vi na telinha da MTV. Em todas as aparições do músico, engajado com um discurso inteligente, amigavel e sempre bem humorado mas, acima de tudo, preocupado em fazer música. O punk mais brega do mundo merece... que momento, Wander!



Wander Wilder, o personagem da década
Fernando Rosa






A década de 2000-2009 não teve heróis, até porque o mundo cada vez menos precisa deles, como cantou o Superguidis em uma de suas canções. Mas, de exemplos de cidadãos comprometidos com determinadas causas, em nosso caso, a música, o país e o mundo continuam precisando cada vez mais. Para nós de Senhor F, o personagem desta década é o músico gaúcho Wander Wildner, por tudo que ele condensou musical, existencial e politicamente, em boa parte presente no DVD que acaba de lançar com a retrospectiva da carreira.






Alguns poucos artistas brasileiros apostaram tão profunda e honestamente no caminho independente como ele, sem perder-se em desvios retóricos ou nas falsas promessas do “mainstream”. Desde o final da década passada, o ex-Replicantes construiu uma sólida carreira solo, pensada, planejada e levada à prática com despojamento e, ao mesmo tempo, rigor estratégico. Passados dez anos, Wander Wildner deve ter tocado na maioria dos palcos independentes de centenas de cidades espalhadas pelo país.




Ao mesmo tempo, sem afastar-se de sua base “natal”, Porto Alegre, ele soube compreender as mudanças, ou as “não mudanças”, ocorridas em sua cidade, ex-meca do rock nacional. Talvez fruto de sua visão “nacional”, Wander Wildner é um dos músicos locais mais abertos aos novos grupos que surgiram pós-Graforréia Xilarmônica & geração anos 80/90. Apenas como exemplos, não por acaso foi ele quem “bancou” a entrada dos Superguidis em São Paulo, com show conjunto de lançamento do disco de estréia dos jovens – e desconhecidos - conterrâneos, em 2006, e regravou canções de grupos como Os Pistoleiros e Stuart.


Em vários momentos Wander Wildner teve o reconhecimento que merece como artista e cidadão do mundo, mas talvez um dos mais emocionantes tenha sido durante o festival Abril Pro Rock, em 2008. Acompanhado por músicos gaúchos e pernambucanos, ele fez o público dançar seu punk-brega como se fossem arretados frevos carnavalescos. Foi o melhor show daquele ano, comprovando a universalidade de sua obra que, fossem outros tempos, teria várias de suas músicas transformadas - mais amplamente - em hinos dessa geração.



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