sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O meu GRENAL

A pauta não é nada nova. A ideia já é batida. Afinal, são 100 anos de clássico. Entretanto, é tarefa difícil escolher um GRENAL como o mais especial. Escolhi o meu, e vou falar um pouco deste jogo, do cotexto e dos números da partida.

O ano é 2003. O último GRENAL daquele ano. Até então, Grêmio e Internacional tinham se enfrentado em três oportunidades. Nos dois confrontos pelo Gauchão deu Colorado, e no primeiro turno do Brasileirão - que estreiava a fórmula de pontos corridos - um empate sem gols. O jogo aconteceu no Beira-Rio, num 12 de Outubro, válido pela 36° rodada do campeonato.

Não era um bom ano para o Grêmio. Em 2003 o Clube comemorou seu centésimo anivérsário, um ano que foi planejado para ser vitorioso, mas o quadro era outro. O Tricolor não obtvera exito na Copa Libertadores, muito menos no Gauchão, e entrara em campo naquela tarde de 12 de Outubro ocupando a última colocação do Campeonato Brasileiro. Faltando 10 rodadas para o fim do Brasileirão, o Grêmio somara apenas 30 pontos, estava há 5 pontos do Juventude, o vice-lanterna até então. Situação complicadíssima.

O Estádio Beira-Rio recebeu 46 mil torcedores naquela tarde, e o Internacional, treinado por Muricy Ramalho, tinha em sua equipe três jovens jogadores que dispontaram das categorias de base e faziam um excelente ano de 2003: Daniel Carvalho, um articulador canhoto, de muita habilidade; Diego, atacante franzinio, rápido e driblador; Nilmar, também franzino, também rápido, também de muita habilidade e, sua melhor qualidade, goleador. O Inter tinha 55 pontos, era o 6° colocado e brigava por uma vaga na Libertadores de 2004.

Como não poderia ser diferente, o Internacional se dispôs a atacar o Grêmio, treinado por Adilson Baptista. O Tricolor, por sua vez, tinha como prioridade primeiro anular os destaques individuais do rival e, se porventura surgir uma oportunidade, fazer um golzinho e se acomodar lá atrás.

E ninguém esperava que seria um golaço, longe de ser inho. Numa das escapadas gremistas, Cláudio Pittbul, com a bola dominada em frente a área, atariu três marcadores e lançou Christian. O centroavante acertou um chute daqueles que se acerta poucas vaez na carreira, a bola entrou no ângulo esquerdo de Clemer, sem a mínima chance de defesa ao arqueiro colorado.

O ano também não vinha sendo fácil para o camisa 9. Christian estava no Olímpico desde fevereiro daquele ano, quando chegara já com uma complicada lesão no joelho. Mesmo depois de tratamento, o jogador ainda sentia fortes dores. Como o Grêmio vivia um ano de muitas dificuldades, a certa altura da temporada o centroavante se dispôs a jogar no sacrifício, sabendo que ninguém mais no grupo tinha a capacidade de vestir a 9 e corresponder como ele, mesmo não estando na melhor condição física. Raras as vezes Christan jogou 90 minutos em 2003, naquele GRENAL não foi diferente, deixou o campo aos 10 minutos do segundo tempo, sentindo fortes dores. Dias depois o jogadores não pôde mais adiar a cirurgia no joelho.

A arrancada de Christian, o esforço evidente, o chute, e o gol, aos 34 minutos do primeiro tempo, são incríveis. Diante de um Beira-Rio lotado, o Grêmio anulou a maioria das jogadas do Internacional. O Colorado chegou através de levantamentos na área, e parou nas boas defesas de Eduardo Martine, talvez o segundo nome mais importante do clássico. A vitória antológica encheu a equipe de Adilson Baptista de confinça, e foi o fator mais importante para uma arrancada sensacional dali em diante, que culminou nos 3 a 0 sobre o Corinthians, safando o Grêmio da segunda divisão na última rodada do Brasileirão de 2003.

Foi a primeira vez que deixei o radinho, e fui até um barzinho pra assistir ao jogo. O lugar estava lotado, a televisão não era das maiores e fiquei em pé durante os 90 minutos. Climax total quando Heber Roberto Lopes apitou o final do GRENAL de número 356 da história, só não foi maior quando comemorou-se o golaço.

Escalações

Internacinal, 3-5-2:
Clemer; Wilson, Sangaletti e Vinícius; Gavilán, Claiton, Flávio (Elder Granja), Daniel Carvalho (Jéferson Feijão) e Edu Silva; Diego e Nilmar.

Grêmio, 4-4-2:
Eduardo; Anderson Lima, Baloy, Adriano e Gilberto; Gavião, Tinga, Leanderson e Caio (Carlos Miguel); Cláudio Pitbull (Marcelinho) e Christian (Élton).





2 comentários:

  1. Luiz Paulo, " O meu GRENAL" foi em 1977 no Olímpico, quando o Grêmio depois de oito anos voltou a ganhar um título Gaúcho com um gol do lendário André Catimba. Mas isso é papo pra outro dia...

    Cara, primeiramente quero te dar os parabéns por esta iniciativa do BLOG e pelo teu texto. É um texto limpo, objetivo e com clareza de idéias. Estou muito feliz por vc e pela tua família também. Teus pais e avós são abençoados por Deus pelo filho e neto q eles tem. Antes mesmo de vc nascer eu já queria ser um repórter de TV, agora , para minha surpresa, o filho do Silvana e do Tio Noni, que estão na minha seleta lista de melhores amigos e que tbém me incentivaram a chegar onde eu cheguei, está se juntando a mim, como futuro colega. Meu brother, é uma profissão ingrata financeiramente, mas me enche de orgulho e de satisfação e, com absoluta certeza, não vai ser diferente contigo. Pelos textos que acabei de ler, tenho plena convicção, de que vc vai muito longe como jornalista. Ainda vou ver teu nome entre os GRANDES do jornalismo brasileiro. Sucesso e que Deus te ilumine sempre. Grande abraço, do amigo Luiz Claudio Farias .

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  2. auhauhah, esse foi inesquecível para mim também.
    o primeiro grenal que eu fui ver no estádio. fui com os amigos, clima de festa, "golearemos", a gente comentava.

    que nada.
    o pior de tudo é que eu fiquei exatamente atrás da goleira que o antes jesus christian (lembra disso? JESUS CHRISTIAN, meu deus) meteu o gol da vitória.

    foi triste, foi frustrante, foi inesquecível.
    de um jeito nada bacana, ok.
    mas foi inesquecível.

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