quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Reestruturação do futebol brasileiro não pode passar pela abolição dos pontos corridos

A verdade é que a reestruturação do nosso futebol deveria ter começado lá em 2003, justamente com a implementação do campeonato nacional por pontos corridos, com turno e retorno, sagrando campeão aquele time de melhor campanha ao longo da temporada. Voltar à fórmula mista, fazendo jogos eliminatórios com os primeiros colocados e decidindo a competição em uma final, entendo que seja um retrocesso.

Foto: Jackson Ciceri | Divulgação TXT Assessoriada
Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, articula com outros clubes uma campanha junto à CBF para que seja extinto o campeonato de pontos corridos, disputado nestes moldes há 12 temporadas. Anterior a isso, a cada ano tínhamos uma fórmula diferente, e algumas delas bem bagunçadas, como em 1987. Os pontos corridos ajudaram a equilibrar o ainda conturbado calendário brasileiro. Esse tipo de torneio facilita o planejamento do futebol nas mais variadas instâncias, afinal todos sabem que, independente do andamento da competição, jogarão as 38 rodadas.

Quem defende a volta do mata-mata alega que o campeonato com a formula atual é sem graça e sem emoção. Ora, pra quem não ganha é realmente sem graça. Aposto que o Cruzeiro não achou sem graça os Brasileirões de 2013 e 14. Ou será que não foi emocionante ser bicampeão?

Jogo Final
Concordo que o evento decisão, no futebol, é extraordinário e, possivelmente, pela adrenalina do momento, mais emocionante. Para isso, contudo, já temos outros campeonatos. É o caso ainda dos regionais, da agora forte Copa do Brasil, da cobiçada Copa Libertadores e da desvalorizada Copa Sul Americana. 

Se reorganizarmos nosso calendário e realmente propormos uma reestruturação saudável para o futebol brasileiro, considero que seja bem possível criar, além dos citados, outras copas possíveis de serem ganhas, com jogos finais atrativos.

Algumas medidas
  • O Campeonato Brasileiro precisa começar mais cedo, criando assim, naturalmente, datas mais espaçadas ao longo do ano;
  • Datas Fifa precisam ser respeitadas;
  • Vagas para a Sul Americana precisam ser definidas conforme a classificação do Brasileirão. Ajuda a valorizar as duas competições;
  • Campeão da Copa do Brasil e do Brasileiro poderiam se enfrentar, em jogo único, sendo que a cada ano o jogo ocorreria em uma sede diferente;
  • Estaduais poderiam virar regionais (como já foi Sul-Minas, Rio-São Paulo etc.);
  • Profissionalização da arbitragem;
  • Calendário que possibilite uma temporada mais estável aos clubes menores;
  • Criação de uma liga de clubes.
A liga talvez seja o passo mais significativo. Representaria uma espécie de associação dos clubes, como um dia foi o Clube dos 13, só que com mais força. A liga negociaria e receberia o montante quanto aos direitos de transmissão de jogos e definiria a forma de distribuição aos clubes. Entendo que o ideal é um cálculo misto entre audiência e prêmio por classificação no campeonato.

Uma liga também facilita a negociação com empresas de criação de games e transmissões internacionais. O fato de, no Brasil, ser preciso sentar com cada clube, separadamente, para negociar, é um empecilho considerável. 

Os clubes, unidos em uma organização, teriam outra infinidade de coisas a definir. Como uma regulação financeira, metas fiscais, transparência, profissionalização etc. Agora, abolir os pontos corridos, é andar para trás.

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