segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Filme de Segunda 153

A Culpa é das Estrelas


Na edição anterior do Filme de Segunda, abri falando sobre um subgênero do cinema: os filmes de tribunal. De alguma forma, A Culpa é das Estrelas também pertence a um subgênero da sétima arte. Falo dos filmes para chorar, aqueles que não deixam dúvidas que tem como objetivo arrancar lágrimas do espectador. Partindo deste princípio, é inegável o mérito do diretor Josh Boone, dos protagonistas Ansel Elgort (Augustus Waters) e Shailene Woodley (Hazel Grace) e da história original do escritor John Green, autor da obra literária que dá origem ao filme. Quem não chora, no mínimo enche os olhos de lágrimas duas ou três vezes.

Há maneiras e maneiras de levar o publico ao choro. Estaria sendo leviano se afirmasse que A Culpa é das Estrelas apela. Contudo, passa bem perto disso. A fórmula é a seguinte: construir um ambiente completamente harmonioso, em que todos os personagens são bons (menos o de Willem Defoe, para criar o mínimo contraste), fazer com que dois jovens com problemas similares se apaixonem e se ajudem em uma jornada em que o desfecho trágico é conhecido, colocar uma trilha sonora indie quase depressiva, montar algumas situações engraçadas, apostar no tipo galã carismático, alcançar o pico da felicidade de um casal iniciante e, quanto todos estão absolutamente envolvidos e torcendo que aquilo que é certo não aconteça, acontece. Emocionar-se é quase inevitável. Afinal, diretor, roteiristas e atores nos capturaram, conseguiram nos fazer torcer por Hazel Grace e Augustus Waters, dois personagens com tipos diferentes de câncer, mas igualmente terminais.


Portanto, embora a maneira como é feito não me agrade muito, o sucesso da produção está nas bilheterias e nos litros de lágrimas derramados em casa sessão. É o típico caso em que o clichê parece intransponível para a equipe de produção. Em algum momento ele vai aparecer, como no primeiro beijo de Grace e Waters, acompanhado das palmas dos visitantes de um museu em Amsterdã.

É preciso, acima de qualquer coisa, destacar o trabalho destes dois protagonistas. Shailene Woodley com os cabelos curtos, rosto mais "cheinho" que nos seus últimos trabalhos, conseguindo passar a imagem de uma jovem Hazel Grace muito forte, porém com fragilidades alcançáveis e visíveis, como qualquer adolescente. Já o Augustus Waters vivido pelo Ansel Elgort é o grande trunfo de A Culpa é das Estrelas. Ele consegue ser charmoso, engraçado, inteligente e determinado a fazer sua namorada feliz. Ou seja, o público feminino teen se apaixona no primeiro minuto do personagem em cena. E conquistar a simpatia do público feminino teen é um atalho quase certo para o sucesso. No caso de A Culpa é das Estrelas o atalho funcionou bem.       

Temos aqui também um aspecto diferenciado, que é tratar do câncer, uma doença complicadíssima e que, apesar da sua gravidade, tem cura em muitos casos, essencialmente quando é diagnosticado cedo. É importante que os milhões de jovens que tratam do câncer ao redor do mundo também possam se enxergar na tela, como protagonistas, mesmo que o desfecho não seja o melhor, mas ter a possibilidade de se sentirem entendidos e representados é fundamental.

Gênero: Drama
Duração: 125 min.
Origem:EUA
Direção: Josh Boone
Roteiro: Michael H. Weber, Scott Neustadter
Distribuidora: Fox Film do Brasil
Censura: 12 anos
Ano: 2012
 
Classificação PoA Geral 
- Obra
- Baita Filme
X Bom Filme
- Bem Bacana
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo
 

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