segunda-feira, 31 de março de 2014

Filme de Segunda 145

Clube de Compras Dallas


A descoberta do vírus HIV e a luta contra a AIDS é relativamente recente, assim como a luta contra a discriminação sobre o portador do vírus. Há 30 ou 40 anos, quando os primeiros casos começaram a surgir, logo foi criado o termo "peste gay" - com algumas variáveis. Clube de Compras Dallas se passa num segundo momento, quando a AIDS já está bem conhecida e há bastante tratamentos experimentais espalhados pelo mundo.

Em 1986, após um acidente de trabalho, Ron Woodroof (Matthew McConaughey) descobre sem querer que é soropositivo e que tem, muito provavelmente, 30 dias de vida. Isso acontece nos primeiros minutos de filme, assim como já nos é apresentado o perfil de Woodroof: um cowboy texano, meio trambiqueiro meio eletricista, beberrão, usuário de drogas, homofóbico e mulherengo. O personagem se auto-afirma heterossexual sempre quando tem oportunidade. O roteiro de Craig Borten e Melisa Wallack (indicados ao Oscar) mais a direção de Jean-Marc Vallé até martelam bastante nessa questão.

Woodroof passa rapidamente pelo estágio de aceitação da doença e então parte para a luta pela sobrevivência, em anos que dificilmente se vivia mais de um ano com AIDS. Nesse processo, entra o importante Ryon (Jared Leto), um travesti que passa a ser amigo e companheiro de negócio do protagonista. A relação entre os dois funciona como uma espécie de alívio cômico, mesmo não sendo Clube de Compras de Dallas um filme tão pesado quanto poderia.

As premiações de Oscar de melhor ator para Matthew McConaughey e melhor ator coadjuvante para Jared Leto são inquestionavelmente merecidas. As mudanças físicas destes dois artistas impressionam, assim como a total entrega, dando vida a dois personagens complexos, que vão além do esteriótipo. Durante a narrativa, o espectador acompanha as mudanças dos personagens sem necessariamente perderem suas essências. A cena do mercado é sintomática e uma das melhores do filme.


Clube de Compras Dallas conta a trajetória importante de um sujeito que sem querer foi essencial no desenvolvimento do coquetel que atualmente ajuda soropositivo a ter uma vida longa e basicamente normal. Woodroof vai para outros países na busca de remédios ilegais nos EUA primeiro para se manter vivo, depois como uma possibilidade de negócio lucrativo. A partir daí vai se moldando um caráter ativista naturalmente, sem que o próprio protagonista se de conta. Nesse contexto, o Clube de Compras vive em constante briga com o governo e a industria farmacêutica americana, que faz lobby junto à opinião pública e comunidade médica para que o remédio AZT siga sendo utilizado no tratamento, mesmo que os resultados clínicos não sejam promissores.

Contudo, o filme prefere não entrar tão pesado na crítica à industria farmacêutica. O realizadores optaram por uma narrativa menos política e mais pessoalizada na figura de Ron Woodroof. É uma opção, afinal Clube de Compras Dallas segue sendo bom filme e abordando assuntos pertinentes, tendo um posicionamento bem claro, mesmo não fazendo desse posicionamento sua principal bandeira.

Gênero: Drama
Duração: 117 min.
Origem: EUA
Direção: Jean-Marc Vallé
Roteiro: Craig Borten, Melisa Wallack
Distribuidora: -
Censura: 16 anos
Ano: 2013 
Classificação PoA Geral 
- Obra
- Baita Filme
X Bom Filme
- Bem Bacana
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo

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