sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Araújo Vianna: os dois lados da reinauguração

Foi um bonito espetáculo que se viu, no início da noite desse 20 de setembro, no Auditório Araújo Vianna. Algo em torno de 3 mil pessoas prestigiaram o show dos artistas que marcaram (e ainda marcam) a história da música porto-alegrense. Artistas que, a partir dos anos 70, ajudaram a escrever a rica história do Auditório.

E o povo de Porto Alegre tem uma relação de muito afeto com o Araújo. Por ali já passaram artistas importantes, intelectuais e manifestações sociais que fazem parte da memória coletiva e afetiva da cidade. O Araújo Vianna é um bem cultural e público de valor inestimável para a capital gaúcha, localizado no coração do Parque da Redenção.

O "novo" Araújo Vianna realmente ficou muito bonito, confortável, excelente acústica. Além de tudo, não há lugar ruim. De qualquer ponto do auditório se tem uma boa visão do palco.

Um clima de nostalgia tomava conta da plateia. O público curtiu muito os shows, aplaudiu, cantou junto e, em certos momentos, desceu em massa pra frente do palco para cantar alguns clássicos do rock gaúcho. É boa a sensação de saber que o Araújo Vianna volta a figurar no repertório cultural de Porto Alegre.

Mas tem o outro lado da situação.

O Auditório foi fechado pela administração do então prefeito Fogaça em 2005, alegando problemas estruturais. Dois anos após o fechamento, a Prefeitura decidiu reerguer o espaço através de parceria com a iniciativa privada e lançou licitação para a reforma.

Na época a comunidade cultural se colocou contra a privatização do lugar. A Bancada Federal gaúcha, por iniciativa da deputada Maria do Rosário, apresentou a possibilidade de uma emenda de bancada, para manter, assim, o Araújo como um espaço público. Recursos próprios do Ministério da Cultura ou o financiamento por organismos como o BNDES também eram uma possibilidade. Nada adiantou.

A Opus Promoções venceu a licitação, executou a obra junto com a Prefeitura e, depois de muitos atrasos e adiamentos, sete anos fechado, o Araújo Vianna é reinaugurado apenas 17 dias antes das eleições municipais, com as obras ainda não finalizadas. Dos 8 shows programados para 2012, sete ocorrerão entre setembro e outubro, que é período eleitoral.

A Opus agora é detentora de 75% das datas, por um período de 10 anos.

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