quinta-feira, 14 de junho de 2012

Vantagem do Palmeiras é desproporcional, vitória não

O jogo não foi bom no Olímpico. Os 45 mil torcedores que lotaram o estádio assistiram a dois times pesados, de características parecidas, marcando muito e criando pouco. No décimo segundo jogo de Luxemburgo no Olímpico, a primeira derrota depois de uma série de 11 vitórias. Um retrospecto positivo que dava ao Grêmio certa dose de favoritismo.

Mas favoritismo nunca foi garantia de nada. A vitória do Palmeiras foi merecida, teve a cara de Felipão e fez-se graças ao exito da estratégia do treinador. Entretanto, o tamanho da vantagem adquirida pelo Verdão é desproporcional à sua campanha, à campanha do Grêmio (até então invicto na competição), e ao momento das duas equipes. Copa tem dessas coisas, nem sempre a melhor campanha é a do campeão. Isoladamente, o 2 a 0 para o Palmeiras é normal. Mas o peso desses dois gols no Olímpico vira de lado o favoritismo e coloca o melhor time da competição até agora em uma situação quase irreversível.

Praticamente toda vitória e toda derrota passa pelas opções e convicções do treinador. Isto vale para Luxemburgo, que faz um bom trabalho no Tricolor, mas que ontem não foi bem, e vale para Felipão, que está há um ano e meio aos trancos e barrancos no Palmeiras, só que acertou a mão e o time nesse primeiro confronto da semifinal da Copa do Brasil.

A grande surpresa do Grêmio foi a escalação de Kléber no ataque, junto a Miralles. Não acho que Luxa tenha errado aí. Inflamou o estádio com a presença do Gladiador e escalou dois atacantes que conseguem prender a bola no ataque. Mesmo com Kléber não estando com total ritmo de jogo, ao menos 45 ele aguentava. E aguentou muita porrada. De resto, um Grêmio igual, no 4-3-1-2, mas com um Marco Antônio muito escondido, bem marcado por Henrique. Se pelo lado direito do meio-campo Souza fez ótima partida, faltou a parceria com Gabriel, que jogou um futebol preguiçoso, fora do ritmo da decisão.

A estratégia do Palmeiras era marcar. Principalmente no 1° tempo. Segurar o Grêmio, amornar a torcida e sair mais no segundo tempo. Se o 0 a 0 era lucro, imagine o 2 a 0. Felipão montou um 3-5-2 híbrido, que tinha um zagueiro (Henrique) de primeiro volante, e um lateral como terceiro zagueiro (Arthur, pela direita). Na marcação de Kléber, sempre dois jogadores. Conforme a situações de jogo, esse Palmeiras virava facilmente um 4-2-3-1, sempre com Barcos lá na frente. João Victor, que no 3-5-2 era ala pela direita, avançava e ficava em linha com Daniel Carvalho e Luan, ficando os três na retaguarda do centravante.

A marcação do Palmeiras estava encaixada, funcionante completamente. As chances de gols são raras na partida, embora tenha no primeiro tempo o Grêmio um bom volume de jogo, mas sem praticamente nada de infiltração.

O jogo foi decidido depois das principais substituições do segundo tempo. Vanderlei Luxemburgo abriu mão do jogo de paciência, abriu mão da posse de bola no ataque. Sacou Miralles e Kléber e colocou Moreno e André Lima, dois centroavantes para receber bola alçada de tudo quanto é parte do jogo. Facilitou a marcação palmeirense. O ataque do Grêmio parecia uma parede, a bola batia e voltava.

Do outro lado, Felipão, que já via um Palmeiras mais à vontade em campo, menos nervoso que o time da casa, dotou sua equipe com mais velocidade. O zagueiro lateral Arthur saiu para entrar o lateral Cicinho, que tem mais recursos técnicos e que continuou cumprindo a mesma função do companheiro. No meio, o descompromissado Daniel Carvalho foi substituído pelo jovem e rápido Mazinho. Aos 41, Cicinho puxou o contra-ataque fulminante que acabou no gol de Mazinho. O segundo gol veio quatro minutos depois, de forma natural, com um Palmeiras cheio de confiança e um Grêmio totalmente atordoado depois do gol.

A grande vitória palmeirense passa por uma série de erros e acertos, de ambas as partes. Um jogo não define um ano, mas um jogo e uma vantagem desproporcional podem decidir uma Copa. É o que está acontecendo com o Grêmio. A não ser que na próxima semana aconteça a improvável virada tricolor. Impossível não é.

*Foto Fernando Gomes/ClicRBS

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