segunda-feira, 14 de maio de 2012

Los Hermanos em Porto Alegre

Para comemorar os 15 anos de Los Hermanos, a banda anunciou uma série de shows especiais para 2012, uma turnê de dois meses pelas principais cidades do Brasil. A banda de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba não fazia coisa parecida desde 2007, quando anunciaram uma pausa por tempo indeterminado. Desde lá, foram apenas alguns shows, em situações isoladas, como o festival SWU em 2010 e a abertura do show do Radiohaed em 2009.

No último final e semana, duas apresentações em Porto Alegre. Uma no sábado, outra no domingo. Duas noites lotadas no Pepsi On Stage, cerca de 14 mil pessoas se mobilizaram para ver o Los Hermanos na capital gaúcha. Duas noites esgotadas de nostalgia para um público fiel, carente da banda há pelo menos cinco anos.

Na noite de sábado, 12 de maio, estive lá.

E quem foi ao Pepsi assistir ao retorno de Los Hermanos a Porto Alegre estava muito afim. Salivando de saudade, com um sentimento de ansiosidade que estampava o rosto da maioria dos que lá estavam. Além daqueles que já seguiam os Hermanos desde o início, quando estourou Ana Júlia, na virada dos anos 2000, a nova turnê da banda revelou um público que se renovou, que descobriu as belas canções de Amarante e Camelo após o hiato de 2007.

O show começou na hora, sem nenhum minuto de atraso. Às 23h o Los Hermanos subiu ao palco. Foi com um sincero sorriso no rosto que a banda apanhou os instrumentos, encarou o público maluco com a presença dos músicos e colocou a platéia abaixo com O Vencedor.

A apresentação foi espetacular. Do início ao fim, todo mundo cantando cada ponto e cada vírgula de cada letra. Como já é de praxe nos shows do Los Hermanos, a platéia participou intensamente de cada momento. Este é um mérito que nenhum crítico da banda pode tirar, afinal o Los Hermanos cativou uma legião de fãs que é muito fiel.

Rodrigo Amarante estava em grande noite, muito afim daquilo tudo. Fazia graça pra platéia, pra banda, volta e meia brincava e improvisava novos acordes no meio das músicas. Enquanto Amarante tocava o show numa pegada bem rock'n'roll, Marcelo Camelo inspirava aquele ar messiânico, de movimentos longos e calculados pelo palco. Camelo canta como se tivesse tirando um peso das costas a cada palavra. Tem muita entrega e muita delicadeza na performance do cantor e compositor.

Nas quase três horas de show, muita música e pouca conversa. E se tem do que reclamar, é justamente disso. Tenho a impressão que o público queria ver o tanto de música que viu e cantou, mas um pouco mais de conversa não seria mal. Detalhe que não tira em nada o brilho da apresentação.

Num show musicalmente excelente, a banda não tem nenhum tipo de vaidade. A luz é igual para todos, tanto para os quatro músicos da formação original quanto para os músicos de apoio (um baixista e um trio de sopros). Ao final da apresentação, público extasiado e com o sentimento de que novos frutos podem surgir dessa turnê. Pelo menos uma música nova já está sendo executada ao vivo.

O grande mimo dos Los Hermanos em Porto Alegre veio no bis. A banda fez uma versão para Nunca Diga, clássico do rock gaúcho, composição de Frank Jorge e Graforréia Xilarmônica. O vaidoso público gaúcho adorou. Ainda no bis, um dos grandes momentos do show, quando os cariocas tocaram um set com músicas do primeiro disco - que tem uma levada mais hardcore -, entre elas : Ana Júlia, a que destoa um pouco do restante do ábum. Banda e  público desmentem a cada show o mito da música renegada. Foi um belo momento.

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