segunda-feira, 7 de maio de 2012

Filme de Segunda 67

Paraísos Artificiais
Gosto de assistir a filmes nacionais. Aliás, me desculpem, mas filme nacional não é gênero. Assistir a um filme brasileiro é como assistir a um filme de qualquer nacionalidade. É tudo cinema. O inevitável disso tudo é que a nacionalidade vai pras telas e, de forma alguma, isto é negativo. Portanto, ao assistirmos a um filme de Hollywood, estamos consumindo cotidiano americano. Da mesma forma com um filme argentino, italiano, alemão ou brasileiro.

Ao assistir qualquer produção nacional, é inevitável nos enxergarmos na tela. Mesmo que a trama não tenha nada a ver com os nossos costumes, existe uma gama enorme de outros fatores que nos carregam pra dentro da tela: a maneira de falar, as gírias, a música, os lugares, a fisionomia das pessoas. O argumento de Paraísos Artificiais não é comum à vida da maioria dos brasileiros, mas é possível encontrar no filme os fatores que trazem o público brasileiro pra dentro da tela.

Paraísos Artificiais é o primeiro trabalho de ficção do diretor Marcos Prado que, em 2004, dirigiu o premiado documentário Estamira. Prado é sócio do José Padilha na Zazen Produções, e juntos tocaram o projeto Tropa de Elite 1 e 2. Paraísos Artificiais também tem produção a Zazen, e é uma superprodução, com um respeitável trabalho de pesquisa, filmagens no exterior, uma ótima direção de arte.
O filme tem um roteiro interessante, que caminha no tempo, vai e volta na história dos personagens e dá um nó no destino dos protagonistas. O nome, apesar de horrível, é quase auto-explicativo. Paraísos Artificiais trata do mundo das festas raves, da música eletrônica, do tráfico internacional de entorpecentes - principalmente ecstasy. No meio disso tudo, claro, uma história de amor.

As interpretações são todas muito boas, têm uma intensidade e uma entrega essencial. Nathalia Dill, que dá vida à DJ Érika, está encantadora. Não é um papel fácil. Marcos Prado não poupou seus atores, o filme tem algumas cenas de sexo bem picantes. Aí que o diretor pesa um pouco a mão,  Prado abusa de cenas de nudez que não acrescentam nada ao filme. Assim como também exagera nas cenas em que os personagens se drogam e quem é obrigado a ter barato é o público. Com som alto, as luzes, a câmera girando para todos os lado, o diretor tentar recriar algumas sensações. Nem sempre é feliz.

Paraísos Artificiais se arrasta até determinado ponto, enrola demais para chegar ao ponto alto do filme, onde diminuem as festas e cresce o drama familiar do protagonista Nando (interpretado por Luca Bianchi) e sua relação com o irmão adolescente, a mãe viúva e o falecido pai. Marcos Prado tinha tudo em mãos para fazer um filme incrível, um drama profundo, que trata de drogas, família, tráfico internacional. Mas se preocupou em não ser moralista, em não ser careta, se preocupou em bancar cenas de festas, sexo e drogas. Só que dá para fazer tudo isso filmando cenas que acrescentem à trama.

Paraísos Artificiais tem seus méritos, tem uma boa história, com boas atuações, uma pela produção, mas peca por algumas opções infelizes de seu diretor. Entretanto, não deixa de ser um filme interessante, é só aguentar até onde ele se arrasta.

Gênero: Drama e romance
Duração: 96 min.
Origem: Brasil
Direção: Marcos Prado
Roteiro: Cristiano Gualda, Pablo Padilla e Marcos Prado
Distribuidora: RioFilme
Censura: 16 anos
Ano: 2012
Classificação PoA Geral 
- Obra
- Baita Filme
- Bom Filme
X Bem Bacana
- Legal
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo 

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