terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ipanema do migué, FM

Uma semana antes já começavam as especulações. O twitter da rádio assustou, avisando que a Ipanema ia ficar mais colorida e de maior apelo popular. Diziam ser ordens vindas lá de cima, já que a rádio pertence ao grupo Bandeirantes e, de fato, não é uma das líderes de audiência da capital. O silêncio dos comunicadores sinalizavam a mudança. A revolta do Cláudio Cunha na tarde de sexta, quando foi retirado do ar, deu ares de verdade a tudo aquilo.
Mas não passou de um migué, como se diz na linguagem do futebol. Na linguagem da internet, uma trollada. Na real, uma ação publicitária, para chamar a atenção e sacudir o público fiel da rádio. Apesar das reações adversas, muitos se sentiram tapiados - e foram mesmo -, a coisa funcionou! A ovelha negra, como se autointitula, chamou a devida atenção. Tudo fica bem explicadinho nessa reportagem do jornal Sul 21.
No começo da segunda-feira (15), quando ainda se encerrava o domingo, por volta da meia-noite li no twitter que estava tocando Restart. Sintonizei na hora e logo começou Luan Santana. "Pronto, começou", pensei. A repercussão foi imediata, muita gente comentando. Porém, quando tocou Angélica e depois as meninas do Inri Cristo, além daquelas vinhetas superclichês ("só sucesso"), o pessoal começou a desacreditar, estava muito caricato. Também surgiram informações de que se tratava mesmo de um viral. Fui dormir nesse clima, de que ia acordar e ia ouvir o Alemão Victor Hugo se esguelando no microfone. Não foi o que aconteceu, persistia as mesmas músicas da madrugada. Assim foi, manhã e tarde... Me assustei. Foi aí que a Ipanema me tapiou, pois em dado momento eu acreditei que a vaca tinha mesmo ido pro brejo. A ação só terminou às 17h.
Convenhamos, só a Ipanema tem culhão pra fazer isso. Eu gostei! A rádio reafirmou sua independência, a liberdade que tem de tocar o que der na telha e mostrou como é chato tocar o dia todo as mesmas músicas. E a campanha só não durou mais porque realmente ficou chato, palavras de um dos idealizadores da campanha. A Ipanema não deve perder público. Talvez ganhe, mas nada significativo. Agora, as mudanças serão verdadeiras, mas nada tão radical. O que vai acontecer é que vai entrar na programação o núcleo de esporte da Band AM.

Do N blog:
Ipanema Manifesta
Foi mal aí, Ipanêmicos. Mas cá entre nós, no fundo tu sabia que não. A gente jamais daria essa bola nas costas de vocês. O anúncio das mudanças na rádio não foi mera jogada de marketing, nem pegadinha. Foi simplesmente a Ipanema sendo a rádio livre de sempre. Livre, destemida, inconseqüente como ela sempre foi. E como sempre se orgulhou em ser.
Porque em um mundo cada vez mais medíocre e bundão, alguém tem que ter coragem. Alguém tem que tirar as pessoas da zona de conforto, da pasmaceira. Alguém tem que lembrar que a música sofreu nas mãos da ditadura militar, e hoje sofre com a ditadura do mainstream, da modinha, do mercado.
Mas agora falando sério: a Ipanema vai mudar, sim. Mas cada mundança será sempre para se tornar ainda mais Ipanema. Ainda mais N. Ainda mais maldita. Ainda mais Ovelha Negra. Música da novela? Rádio colorida? Piadinha de vô? Isso aqui é Ipanema, rapá. #sabequenão

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