Por Alves Rodrigues
Ainda repercutem as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) no programinha de humor (duvidoso) da Band, CQC. Bolsonaro é uma figura triste. Um homem racista, elitista, homofóbico, reacionário. Um homem centenas de anos atrás de seu próprio tempo. Um ser patético, que depois de ter dito o que disse, ainda declara se achar no direito de ter dito tais absurdos.
Para Bolsonaro, um saudoso dos tempos de Geisel e Médici, o amor inter-racial é promiscuidade, fruto de má educação ou influência de um meio carente de "bons princípios".
Uma pena que o povo brasileiro ainda seja capaz de eleger pessoas assim. Mas muito mais lamentável ainda é que haja tantos indivíduos dispostos a "entendê-lo" e atuando na mídia oficial brasileira – tão contaminada pela ideologia reacionária da direita elitista. A começar pelo próprio líder do humorístico(?) da Band, Marcelo Tass,o Pequenino Príncipe, que parece não ter nada na cabeça, nem por dentro, nem por fora.
É triste e enojante já ter ouvido tantas argumentações esdrúxulas em favor do desprezível deputado carioca. Coisas como:
- Vivemos numa democracia. Todos têm o direito à livre expressão.
- Foi com esse pensamento que ele foi eleito, temos que respeitar.
- Bolsonaro é um homem sincero e honesto (honesto?). Muitos pensam como ele, apenas não têm coragem de declarar.
Lamentável. Manifestações de racismo são prática criminosa. Desde quando externar pensamentos criminosos é exercício do livre direito de expressão?
No fundo, não dá para estranhar o comportamento destes senhores da mídia, afinal, todos eles foram tão ágeis em comprar – e ajudar a vender – a ideia de que o regime de cotas nas Universidade Federais era o reconhecimento oficial do racismo no Brasil. Tudo bem, até concordo com isso. Era mesmo o reconhecimento oficial do racismo. Reconhecimento, aliás, bastante tardio e necessário. A ressaltar, porém, que das tantas práticas racistas existentes neste país predominantemente mestiço, a única em que os negros e mestiços eram beneficiados era exatamente o regime de cotas. Pois foi esta, exatamente esta, a que incomodou tanto aos nossos senhores – brancos e "democratas" – da mídia oficial do Brasil.
O Brasil está repleto de outros Bolsonaros, seres (des)humanos impregnados do sentimento de Pátria ensinado pelos ditadores de outras décadas, a Pátria amada, Brasil. O Brasil "limpo", livre dos comunistas subversivos, onde os negros sabem o seu lugar e os homossexuais simplesmente não existem. E, tristemente, a mãe gentil está repleta, também, de jornalistas isentos e livres de qualquer ideologia – pois ideologia, para eles, é coisa que só a esquerda tem –, todos eles dispostos a "compreender" tão absurdas declarações, todos eles dispostos a usar os mais estapafúrdios argumentos para tentar justificar as injustificáveis palavras do deputado criminoso.
Gente assim, com a ajuda de jornalistas assim, ainda pode acabar se elegendo no futuro. Cabe a nós cuidar para que isso não aconteça.
*Alves Rodrigues mantém o blog Somos Todos Torcedores e o twitter @lvesrodrigues
*As opiniões sobre o programa CQC, da Bandeirantes, e seu apresentador, Marcelo Tas, não são compartilhadas pelo editor deste blog.
*Quarta, 13, Jair Bolsonaro entregou sua defesa nas representações que pedem sua investigação por quebra de decoro parlamentar na Corregedoria da Câmara. O pepista é acusado de racismo e homofobia por conta de suas declarações. Bolsonaro disse, porém, que está sendo perseguido pelo “fascismo das minorias”. (Informações do Sul 21)
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