Fizeram bem em não mudar o nome do filme para Kung Fu Kid só porque nele não se luta mais karatê e sim o kong fu. O filme é um remake, é uma releitura, uma nova versão aos olhos do diretor Harald Zwart e do roteirista Christopher Murphey, que não têm uma filmografia lá muito atraente, mas que agora têm o Karatê Kid (2010) para ostentar e se orgulhar. Porque é, sim, um belo filme - no cinema, pelo menos.
Há muito tempo eu não via o público se empolgar na sala do cinema. O pessoal compra a história, entra no filme e quer ver o Dre, interpretado muito bem pelo ótimo Jaden Smith, dar uma surra merecida no chinês valentão quase ninja. E o Karatê Kid (2010) consegue capturar o público porque tem alguns minutos a mais de duração em relação ao primeiro, de 1984, que acabam por fazer diferença no desenrolar da trama, e também porque tem uma história mais forte, portanto um apelo emocional maior que o protagonizado por Daniel San e Senhor Miyagi há 26 anos.
E como é legal voltar a ver Jackie Chan sem efeitos especiais! Tem dois ou três, lá que outra cena, mas na medida certa, sem exageros - mas não lembro de nenhuma que tenha sido com o próprio Chan. Ainda tem o diferencial das coreografias de luta, que são sempre impecáveis nos filmes em que Jackie participa. Com certeza tem muito de ideias dele nesse remake.
O filme todo funciona. A ideia de levar a história para a China, trabalhar a dificuldade do idioma, a dificuldade da inclusão social e aceitação de uma cultura diferente. O fator da arte marcial ser o kung fu permite um jogo de lutas mais interessante para o cinema. Mas a dobradinha Jaden Smith e Jackie Chan é, talvez, o que mais funciona. Os dois atores são de uma simpatia incrível, trabalham bem juntos e convencem como personagens. O pequeno herdeiro de Will Smith é uma grata surpresa, o rapaizinho é talentoso. E Jackie Chan, aos 56 anos, assume as rugas e o status de mestre, o que lhe caiu muito bem.
Karatê Kid (2010) é filme para ir no cinema assistir com a família. Ou para assistir sozinho. Mas é bom que assista, pois vale o ingresso, vale a torcida e, como poucas as vezes, valeu demais a refilmagem. O primeiro é legal, é clássico, é anos 80 e tál. Esse é anos 2000 e, talvez, até mais legal que o primeiro.
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