Em 2000 o Academia premiava o filme Tudo sobre minha mãe, de Pedro Almodóvar, com o Oscar de melhor filme estrangeiro. No mesmo ano, o diretor foi premiado no Globo de Ouro. Um ano antes, no Festival de Cannes, a Palma da Ouro de melhor diretor também foi para Almodóvar. À época, portanto, o cineasta espanhol e seu filme foram devidamente premiados, aclamados por público e crítica.
Uma década depois - tardiamente, admito - assisti ao filme. Foi mais precisamente nesse feriado de Tiradentes, à tarde. Tudo sobre... é algo de extraordinário, uma história bizarra se contada de qualquer boca que torna-se uma obra-prima nas mãos, nos olhos e no texto de Almodóvar.
Imagine uma mãe que, por 17 anos, criou o seu filho sozinha, sem a figura do pai. E mesmo com o filho lhe cobrando a identidade do pai, ela se recusa em abrir o jogo. Ok, até então uma história como qualquer outra. Mas o filme só torna-se o filme que é quando essa mãe, Manuela (Cecilia Roth), decide mexer no passado e ir para Barcelona atrás do seu ex-marido, pai de seu filho - um travesti machista, com seios maiores que os seu.
Em Barcelona Manuela nos apresenta um universo de personagens femininos, todos espetacularmente distintos, com histórias bem particulares que completam uns aos outros. Em Tudo sobre minha mãe a figura do homem é dispensável, Almodóvar deixa de lado macho convencional, tudo que o diretor precisa ele tem de suas atrizes. Aliás, está aí um dos pontos mais incríveis desse filme, as atrizes: todas de atuações impecáveis, e nenhuma delas com um papel simples. Desde a protagonista Cecilia Roth, passando pela experiente Marisa Paredes até Penélope Cruz, com seus 25 anos de juventude e beleza.
Tudo sobre minha mãe é um filme que merece ser visto em qualquer época, dez, vinte ou trinta anos depois de seu lançamento, não importa. Importa é que seja visto de mente e coração abertos, para que possamos nos emocionar com o que não é habitual, mas tão humano quanto o habitual.
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