sexta-feira, 16 de abril de 2010

Proibir é burro

A recente polêmica das pulseiras do sexo tem desencadeado uma série de medidas restritivas e punitivas pelo Brasil inteiro. No Rio de Janeiro, as novas regras já estão valendo: os alunos de escolas públicas estão proibidos de usarem boné, qualquer tipo de aparelho eletrônico ou ainda qualquer adereço que expressem insinuações sexuais. Em Santa Catarina, só falta o governador Leonel Pavan (PSDB) sancionar o projeto que proíbe o uso, a fabricação e a comercialização das pulseirinhas no estado. Aqui no Rio Grande do Sul, um projeto similar, do deputado Paulo Azeredo (PDT), já tramita na câmara desde o início da semana.

Das medidas tomadas no Rio de Janeiro apenas uma delas é compreensível e inteligente. Proibir o uso de aparelhos eletrônicos para qualquer outro fim se não o educativo é saudável, dá disciplina ao menores e priva os espertinhos de alguns métodos tecnológicos de colas. Por outro lado, a proibição do boné é algo exagerado, ainda mais se tratando de um acessório que já tornou-se comum na vestimenta dos jovens. A última questão, sobre objetos que façam referência ao sexo, que atinge aí sim as pulseiras coloridas, ficou ampla e confusa. Digamos que a gurizada, com a intenção de criar polêmica mesmo, dá a um objeto qualquer, vamos supor uma marca de meia, o mesmo significado atribuído às pulseiras e suas respectivas cores. E então, proíbe as meias coloridas?

Sobre as pulseirinhas de silicone, vendidas a centavos, é preciso que se chegue a seguinte conclusão: a questão preocupante não é o objeto, e sim o significado a ele atribuído. Proibir é ilusório, é burro e preguiçoso. O sexo deve ser discutido nas escolas, compreendido pelo jovem e também pelos pais. E os pais, a estes sim cabe a responsabilidade de proibir ou não o seu filho de usar qualquer tipo de adereço.

Em alguns casos há uma inversão de valores impressionante. Como no caso da menina estuprada no Paraná que, para muitos, as pulseiras coloridas foram a principal motivação. Ou seja, o estuprador não é o criminoso, nesse caso está absolvido pois a menina usava a pulseira, e o objeto foi arrebentado. Não! Quem estupra por uma mísera pulseira, o faz por qualquer outro motivo também: ou um decote insinuante, uma minissaia, um perfume etc. O delito é o mesmo e nem por isso é proibido abusar no perfume ou se vestir de maneira mais provocante, a motivação do estuprador é irrelevante.

Para o inciativa pública é muito simples aprovar uma lei, reprimir o desfrute de alguma coisa, dizer que vai punir desse e daquele jeito, quando sabemos que não acontece assim. E outra, muitas dessas leis só atingem escolas públicas. A escola privada está sendo tratada como se fosse um estabelecimento comercial, onde o comerciante apita e o cliente (o aluno) tem sempre razão - o que é preocupante, mas já é outro assunto!

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