Se antes do jogo o discurso das equipes não falava em revanche, no campo foi diferente. Internacional e Novo Hamburgo começaram a partida se mordendo e assim foi até o apito final, quando o placar marcava um expressivo 3 a 3. As duas equipes tiveram que decidir a vaga na semifinal do turno nas cobranças de pênaltis.
O jogo foi sensacional, cheio de alternativas, com diversas variações táticas, com confrontos diretos entre jogadores, duelo de esquemas e teve até a redenção de um personagem dentro da partida. Pato Abbondanzieri foi figura emblemática dentro do jogo: de um começo quase constrangedor, com algumas falhas no primeiro tempo, de atuação segura na segunda etapa e da glória de defender um pênalti decisivo nas cobranças finais.
Antes do cronômetro marcar 10 minutos, o jogo já estava 1 a 1. A blitz do Novo Hamburgo no começo do jogo funcionou, encurralou o Inter e forçou o erro de Abbondanzieri na saída de bola. Assim o Nóia chegou ao seu primeiro gol. Com pressa, com a bola no chão e com a excelente participação de Kléber e Guiñazu pela esquerda, a bola chegou na cabeça de Alecssandro e o Inter logo empatou.
Gilmar Iser armou um time para contra-atacar o Internacional. Escalou três zagueiros para cuidarem de Alecssandro e Walter, colocou Emerson a marcar Giuliano, Márcio Hahn cuidou de D'Alessandro. O articulador Preto não articulou, se preocupou com Sandro e Guiñazu. No Novo Hamburgo a ordem era roubar a bola e lançar no Edimar na direita, ou achar o Paulinho na esquerda. O atacante Maikel auxiliou os dois alas.
O Inter sentiu a forte marcação do Nóia. Giuliano e D'Ale pouco fizeram. Quem fez foi Walter que, nem ele mesmo sabe como, surgiu sozinho em frente a área, inexplicavelmente sem nenhum zagueiro na sua cola. O atacante desferiu um chute espetacular - só não tão espetacular quanto o chute de Alecssandro no segundo tempo. O Colorado não fez mais que isso no primeiro tempo, girou a bola de um lado pro outro e sempre sofreu com as escapadas rápidas de Paulinho e Edimar pelos lados.
Para o segundo tempo, Gilmar voltou com uma modificação que daria o controle parcial do jogo ao Novo Hamburgo. O treinador retirou o ótimo Edimar da direita e o trouxe para o meio, aproximando o jogador a Paulinho. Com essa modificação, o Preto também cresceu no jogo e o Nóia passou a ser muito perigoso. Pela direita, curiosamente o lado por onde aconteceu o gol de empate do Novo Hamburgo, não tinha mais ninguém posicionado, apenas jogadores ocupando eventualmente o espaço.
Fossati tentou se aproveitar do lado direito do Nóia e abriu D'Alessando naquela setor. O argentino realmente não estava em noite inspirada pois, mesmo jogando sem marcação por alguns minutos, sua contribuição para a equipe foi nula. Fossati então montou um losango no meio-campo, tirou Giuliano e colocou Wilson Matias. O argentino voltou a centralizar, e Matias foi ajudar na marcação de Edimar e Paulinho. Funcionou, o Nóia parou por alguns minutos. O Internacional conseguiu aí chegar ao seu terceiro gol.
Valente, e bom time que é, o Novo Hamburgo não sentiu o gol. Gilmar Iser botou sangue novo no ataque, mudou dois jogadores. O forte lado esquerdo voltou a ter vitória pessoal sobre os marcadores e, faltando 15 minutos para o final, o jogo voltou a ficar empatado.
A vitória nos pênaltis só serviria para dar moral e fortalecer tanto Inter quanto Novo Hamburgo. Poderia ser qualquer uma das duas equipes, não seria injustiça. Depois de um jogo da forma como ele aconteceu, o estado anímico do vencedor é um fator importantíssimo no decorrer da competição, ainda mais para o Internacional saído de uma crise, que já soma sua terceira vitória consecutiva e mantendo um time base.
Esse tipo de triunfo para o Inter é importante. Importante para o grupo de jogadores, dá moral a Alecssandro, confiança a Walter, tranquilidade a Fossati. Porque o treinador sabe que as coisas ainda não estão 100% dentro de campo, e arrumar sustentado por vitórias é bem mais fácil.
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