segunda-feira, 16 de março de 2015

Respeito, mas está longe de me representar

Todo respeito ao povo que saiu às ruas neste domingo, 15 de março, em todo o Brasil. Um número realmente significativo de pessoas foram manifestar-se contra o PT e a presidente Dilma Rousseff, pedindo o impeachment da mandatária e o fim da corrupção. Faz parte do jogo democrático. 

Entendo que engana-se quem generaliza dizendo que apenas a elite branca foi para as ruas. Pelo que tenho observado e lido nesses últimos meses, este é um movimento forjado pela elites e comprado por uma parcela significativa dos brasileiros médios, que não são necessariamente privilegiados pelos programas assistenciais do governo, tampouco pelo capital das grandes potências empresariais. Esse brasileiro médio, alardeado por postagens terroristas nas redes sociais e uma cobertura do país negativa e insistente por parte da grande mídia, foi para as ruas convicto que o Partido dos Trabalhadores e a presidente são os maiores problemas do Brasil.

Terrorismo desse tipo tomou conta das redes sociais, levando 
muitas pessoas a crerem nessas informações.
Eles tem o direito de pensarem assim. Ainda bem que vivemos em uma democracia e isso pode acontecer. Contudo, as pautas defendidas pelas principais lideranças que convocaram esse movimento do dia 15 de março, não me representam. E digo mais: não representam para o país um caminho salutar em sua democracia ainda jovem.

Primeiro que não acho que os últimos anos da administração do PT tenham sido uma maravilha. Dilma, Lula e o PT cometeram os mesmo erros e fizeram as mesmas alianças que qualquer partido da oposição faria sem corar as bochechas. Reconheço, porém, os inúmeros avanços e conquistas importantes de uma parcela da população proporcionadas pelo governo do PT, no qual sempre votei em segundo turno (optando primeiramente pelos candidatos do PSOL).

Dito isto, não posso nunca me aliar a um movimento que tem, entre seus simpatizantes e principais incentivadores, nomes como Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e grupos que apoiam a intervenção militar. Além, claro, do desespero completo que é, neste momento, acreditar no impeachment da presidente Dilma.

Casal protesta em Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos / Sul21

Estes surgem da mesma vertente que defende a redução da maioridade penal, criminaliza o aborto, criminaliza os movimentos sociais e diz amém para absolutamente tudo que a grande mídia publica. É um movimento que se diz contra a corrupção e grita palavras de ordem contra o governo que mais investigou corrupção na história desse país.

Me alio aos movimentos que não negam suas bandeiras históricas, que muito levaram pau da polícia, bala de borracha, gás lacrimogênio, para que hoje desfrutemos de direitos essenciais, como férias remuneradas, décimo terceiro, licença maternidade, valorização do salário mínimo, carteira assinada. Movimentos que entendem a importância da Petrobrás, que também querem o fim da corrupção, mas não que isso signifique o enfraquecimento das instituições em nome de um jogo político sujo, forjado e mal interpretado.

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