quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Folha de S. Paulo: golpe baixo e desinformação

O jornal Folha de S. Paulo publicou em seu portal na última quarta-feira, 17, um levantamento sobre os gastos públicos com publicidade do governo federal e das estatais nos veículos de comunicação, entre os anos de 2000 e 2013. O título da matéria é "Sites alinhados ao governo foram beneficiados com gasto em publicidade".

A estrutura, a abordagem e a intenção do texto são de um golpe baixíssimo e praticam sobre o leitor uma desinformação tremenda. Na publicação, em tom acusatório, o jornal afirma que revistas como a Carta Capital e sites como o Carta Maior são tidos pela "oposição" como veículos financiados pelo Palácio do Planalto e pelo PT. Segundo a Folha, são "sites alinhados ao governo" e com "posições de esquerda". Quer dizer, na linguagem jornalística mais rasa, de entendimento médio, estes veículos não praticam jornalismo isento e honesto.

Desonesta é a intenção da Folha em publicar a matéria com a clara intenção de minar a discussão pública sobre democratização da mídia, dando a entender que fora do pequeno espectro de grandes empresas de comunicação do Brasil o jornalismo é necessariamente chapa branca e alinhado ao governo. Tornando notícia o fato de um veículo se posicionar politicamente à esquerda, como se isso configurasse algum crime.

Na quarta-feira mesmo a Carta Capital publicou uma matéria em tom de resposta. "O levantamento da Folha de S.Paulo comprova o óbvio: os barões da mídia embolsam a maior fatia dos investimentos do governo federal. Sem falar nos acertos pouco republicanos com seus aliados tucanos", afirma o texto. E ainda destaca que, no últimos 14 anos, os grupos que mais lucraram em cotas publicitárias são:  Grupo Globo (5,2 bilhões), TV Record (1,3 bilhão), SBT (1,2 bilhão), Band (1 bilhão), Editora Abril (523 milhões), Folha de S. Paulo (266 milhões), O Estado de S. Paulo (188 milhões) e IstoÉ (179 milhões).

Imagem: Carta Capital

Na matéria da Folha, são citados oito sites/blogs de esquerda. Somadas suas cifras, chegamos próximo a 72 milhões. Em média, 9 milhões de reais para cada um. Será mesmo que são eles os financiados pelo Palácio do Planalto, pelo PT, ou pelos gastos públicos com publicidade das estatais e do governo federal?

Nesses últimos 14 anos, o número de meios de comunicação que recebem investimentos de estatais passaram de 4,4 mil para 10,8 mil. Ou seja, houve uma sinalização de abertura e de democratização, ainda que sensível. Contudo, automaticamente diminui a fatia do bolo destinado às grandes empresas. Mas, de fato, a distribuição ainda é desigual. É dentro deste contexto que os barões da mídia levantam a bandeira de combate à opinião de esquerda, à democratização e disseminação de veículos que representem uma real alternativa de fonte de informação.

No blog do Rovai, hospedado no Portal Fórum, o jornalista contou como foi a abordagem da repórter da Folha antes da publicação da matéria. Já o portal Carta Maior informou que vai processar o jornal.

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