segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Filme de Segunda 168

O diretor Jason Reitman gosta de registrar momentos e segmentos. Foi assim com os ótimos Obrigado por Fumar (2005), Juno (2007) e Amor sem Escalas (2009). Todos fotografam com muito cuidado, bom humor e certa profundidade temáticas cotidianas, ainda que com uma visão bastante americanizada. Homens, Mulheres e Filhos talvez seja seu retrato mais ousado, em que tenta reproduzir muito mais que apenas a sociedade americana.

Doentia personagem de Jennifer Garner monitora mensagens e
redes sociais da filha.
Reitman nos apresenta a nós mesmos. Seres conectados a maior parte do tempo, que caminham olhando um pouco pra frente e muito para a tela do smartphone. Que estão sempre próximos, mas também distantes um dos outros. Que se excitam mais com a pornografia abundante da internet que com o toque real. Que buscam atenção e satisfação sexual em perfis anônimos, mas encontram uma dificuldade intangível em conversar e resolver as coisas com seu parceiro. Nesse sentido, Homens, Mulheres e Filhos é vertical e certeiro.

O filme, baseado no romance de Chad Kultgen, roteirizado pelo próprio diretor e também pelo Erin Cressida Wilson, é possivelmente o mais denso da carreira de Reitman, no qual ele usa poucos recursos de comédia como válvula de escape. Na trama, uma rede de famílias de um bairro classe média acaba se inter-relacionando através de seus filhos adolescentes. Todos com problemas muito pontuais, que são causados ou potencializados pela tecnologia.

Homens, Mulheres e Filhos acaba sendo um pot-pourri de histórias, com um fio condutor discreto: o romance entre os personagens de Ansel Elgort e Kaitlyn Dever, ambos muito bem em cena. Destaque também para o papel dramático de Adam Sandler que, assim como todo o elenco, ocupa exatamente o lugar que precisa ocupar.


O longa tem acertos interessantíssimos ao longo da narrativa. Me apego a dois em especial. Primeiro, o recurso gráfico que coloca na tela a representação dos aplicativos e das conversas online que estão sendo feitas pelos personagens. Depois o recurso da sugestão, de deixar muito claro que alguma coisa aconteceu - as cenas de sexo em especial - sem necessariamente precisar mostrar.  

O roteiro flerta o tempo inteiro com metáforas existenciais, sobretudo baseando-se nos pensamentos do astrofísico Carl Sagan. A importância dos nossos problemas e das nossas ações são constantemente questionadas e comparadas com o tamanho do planeta Terra dentro do sistema solar, que fica dentro de uma galáxia, que faz parte de um universo infinito. Basicamente, habitamos um fragmento de poeira cósmica

Jason Reitman entrega ao espectador uma obra interessante do ponto de vista dramático, que é instigante a maior parte do tempo, com trama e personagens atrativos. Contudo, ironicamente (talvez até propositalmente), abre abas demais ao longo da narrativa. Entendo que, apesar de ser um bom filme, Homens, Mulheres e Filhos entrega no final menos daquilo que promete.  

Gênero: Drama
Duração: 119 min.
Origem: EUA
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman, Erin Cressida Wilson, Chad Kultgen
Distribuidora: Paramount Pictures
Censura: 16 anos
Ano: 2014


Classificação PoA Geral
- Obra (10)
- Baita Filme (9)
X Bom Filme (7 a 8)
- Bem Bacana (6)
- Meia-boca (5)
- Ruim (3 a 4)
- Péssimo (0 a 2)

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