quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Dopinha será tombado para criação de centro cultural

Após reunião realizada pelo Compach, conselho municipal que delibera acerca de assuntos pertinentes ao patrimônio histórico e cultural da cidade, foi decidido o tombamento do casarão localizado na rua Santo Antônio, número 600, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. O projeto prevê que ali seja criado um Memorial para preservar e difundir a memória da resistência à ditadura militar.

FOTO: Bernardo Jardim Ribeiro / Sul 21

Conhecido como “Dopinha”, o local foi o primeiro centro de tortura clandestino da América Latina. O nome faz referência ao Departamento de Ordem Polícia e Social (Dops), órgão responsável pela repressão aos movimentos políticos contrários ao regime. Embora não se tenha certeza quanto a precisão das datas, a casa, que era alugada pelo estado, teria funcionado entre os anos de 1964 e 1966. Um episódio notório relacionado à casa da rua Santo Antônio foi o assassinato do sargento Manuel Raimundo Soares, que passou por lá antes de seu corpo ser encontrado boiando no rio Jacuí. O assassinato ficou conhecido como o “caso das mãos amarradas”, forma como o corpo do sargento foi encontrado. 

Desde 2011, movimentos sociais, como o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, como o Comitê Carlos Ré da Verdade e da Justiça, e mais recentemente pela Comissão Estadual da Verdade, buscam a criação do memorial. Para que isso ocorresse, houve um acordo entre a Prefeitura de Porto Alegre e governo do Estado, cabendo à prefeitura o tombamento e desapropriação do imóvel e ao governo do Estado a recuperação e instalação do memorial. O Governo Federal também já se comprometeu a financiar a reforma do imóvel avaliado em 2,8 milhões de reais.

O centro cultural, que deve começar a sair do papel apenas em 2015, levará o nome de Luiz Eurico Tejera Lisboa, o Ico Lisboa, militante gaúcho assassinado em São Paulo. O local servirá para o conhecimento da história de luta pela democracia, pela reistência ao regime e pelo respeito aos direitos humanos.


Documentário


Músico e ativista, Raul Ellwanger é um dos entrevistados.
FOTO: Leonardo Vieceli
No primeiro semestre deste ano, ao lado de colegas do curso de jornalismo da Unisinos, trabalhei na produção do documentário "Dopinha", que tenta, na medida do possível, jogar luz aos acontecimentos do casarão da Santo Antônio.

Na última quarta-feira, 10, recebemos o prêmio da terceira colocação no 31º Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, promovido, entre outras instituições, pela OAB do RS e também pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. Além disso, na semana passada, entregamos uma cópia do filme para ser anexada no relatório final da Comissão Estadual da Verdade do RS.

O documentário já teve duas exibições, uma na Unisinos Porto Alegre e outra no campus São Leopoldo. Estamos trabalhando para que, nas próximas semanas "Dopinha" seja exibido na TVE e também esteja disponível na internet. 

Com informações de Prefeitura de Porto Alegre e Jornal Sul 21

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