quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Declaração de voto

O ato de votar, em um segundo turno, é quase um exercício de rejeição. Pois, na teoria, ficam frente a frente concepções diferentes de ideia de governo. Ao eleitor, cabe escolher entre um ou outro. Entre esquerda ou direita. Entre PSDB ou PT. Entre mais corrupto ou menos corrupto. Entre simpático e antipático. São inúmeras as dicotomias, sendo elas verdadeiras ou não. Em segundo turno de eleição, colocado o natural crescimento nas emoções e convicções de cada indivíduo, a torcida para que o outro lado não ganhe acaba sendo mais intensa do que pela vitória do seu próprio lado. 


Por acreditar que não fará bem ao Brasil e ao Rio Grande do Sul eleger Aécio presidente e Sartori governador é que voto, no próximo dia 26, em Dilma Rousseff e Tarso Genro. Entendo as candidaturas do PSDB em âmbito nacional, e a do PMDB em escala regional, como um retrocesso à direita, possivelmente valorizando a política neoliberal, privilegiando o capital financeiro e enfraquecendo o Estado e suas ações afirmativas.

Não é, contudo, um voto às cegas. Apesar do profundo respeito pela história do Partido dos Trabalhadores, e da imensa admiração pela trajetória pessoal de lutas e conquistas tanto de Tarso quanto da atual presidente Dilma, é extremamente necessário que se faça críticas aos governos do PT, sobretudo pelo viés das pautas históricas defendidas pelo partido.

Os 12 anos de mandato Lula e Dilma, e os quatro de Tarso Genro aqui no RS, representam avanços sociais históricos para o Brasil, disso não há dúvida. O combate à miséria e à pobreza foi notável, o aumento do poder de compra da classe média foi importantíssimo para o crescimento da economia do país, a ampliação das vagas ao ensino superior e técnico, mais os programas de inclusão como ProUni, FIES, política de cotas e Pronatec garantem acesso de uma parcela da população que nunca imaginou se formar e ter um diploma. Estamos vendo inúmeros casos de jovens se formando e constituindo uma primeira geração de graduados dentro das famílias menos abastadas, e isso é muito significativo. Assim como o Mais Médicos, programa que conseguiu levar saúde básica aos rincões onde médicos brasileiros não demonstravam interesse em prestar atendimento. Fora outros avanços, talvez menos importantes.

Deixo manifesto aqui, por coerência às minhas convicções, as ressalvas quanto ao projeto do PT que, através do voto, escolho para que continue por mais quatro anos. Pouco se fez quanto a reforma política, reforma agrária e reforma no sistema de comunicação social. É furtivo também o registro negativo sobre as alianças feitas em nome da governabilidade. Alianças essas que, sem dúvida, atrasam alguns avanços necessários e, infelizmente, ainda não dão sinais de enfraquecimento.

Entendendo, porém, que o processo eleitoral de 2014 elegeu uma gama de senadores e deputados com tendências gerais mais conservadoras, vejo ainda mais necessário que permaneça à frente do país um projeto político, ao menos, com a tendência de centro-esquerda demostrada pelo Partido dos Trabalhadores. Colocado o novo congresso a partir de 2015, aliado a uma possível candidatura de Aécio Neves, pautas como a criminalização da homofobia, regulamentação da maconha, do aborto e demarcação de terras indígenas e quilombolas voltarão ao fundo do baú. Ao mesmo tempo em que ganharia força a redução da maioridade penal, a privatização de presídios e o combate cada vez mais ostensivo (sanguinário e ineficaz) ao tráfico de drogas.

Colocado estes pontos, mais as sérias restrições de ordem ética e moral que tenho pela trajetória pessoal e política do candidato do PSDB, Aécio Neves, apoiado aqui no RS por José Ivo Sartori, do PMDB, é que neste segundo turno vou de Dilma Rousseff e Tarso Genro para Presidente e Governador.

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