terça-feira, 8 de julho de 2014

Eles mereceram?

Eles mereceram, os alemães. Mereceram fazer sete, até oito, até mais. Jogaram infinitamente mais que o Brasil, nesta triste terça-feira. Não que, em uma análise fria e sóbria, a seleção alemã seja tão superior assim. O resultado é atípico, é irreal (embora real), e não ilustra o tamanho do Brasil no futebol e na capacidade de enfrentamento que poderia ter nessa semifinal. Mas é inegável que o resultado é simbólico, escancara problemas além do campo. Escancara problemas estruturais similares àqueles que a própria Alemanha começou a corrigir em 2006, ano em que perdeu uma Copa do Mundo em casa, coincidentemente.

Eles não mereceram, os jogadores brasileiros. É uma boa geração, que demonstrou amor e vontade de jogar pela Seleção como poucas tiveram. Que carregou o fardo da responsabilidade de ter que ganhar uma Copa em casa. Que tentou lidar com isso e teve muitas dificuldades. Evidente que teve, ora. Afinal, nossas principais referências técnicas são jovens. E outras nem tão jovens, não atravessavam grande momento individual. Eles não mereciam ser os protagonistas desse vexame. Eram apenas 11 bons jogadores mau orientados contra 11 bons jogadores preparados e sabendo exatamente o que fazer a cada centímetro do gramado.

Agora, eles mereceram! A CBF e a comissão técnica da seleção como símbolos da administração do futebol brasileiro. Esses sim mereceram cada gol alemão. Uma administração que pensa futebol como se pensava há 20 anos. Isso quando pensa. E podemos fechar aqui um arco simbólico que fechou quatro anos de observação e, quem sabe, aprendizado. Esse ciclo começa com a derrota de 2010, com o Dunga e uma equipe isolada na história - que pouco resgatou do passado e nada deixou para o futuro da seleção -, passa pelas derrotas do Santos para o Barcelona por 4 e 8 a zero e termina agora, com este acachapante 7 a 1 para a Alemanha. Mais que se reinventar é preciso se reestruturar, pensar, planejar e profissionalizar o futebol no país do futebol.

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