segunda-feira, 19 de maio de 2014

Filme de Segunda 149

O Som ao Redor


O cinema independente brasileiro costuma produzir grandes filmes. E classifico como independentes - talvez à grosso modo - todos aqueles que não tem o selo Rede Globo. O Som ao Redor vem de uma safra importante de filmes pernambucanos. Dirigido e roteirizado por Kléber Mendonça Filho, o longa de 2012 passou por diversos festivais pelo mundo e arrecadou alguns prêmios destacados pela crítica e pelo juri popular.

O Som ao Redor se passa em um bairro classe média da zona sul de Recife. O diretor propõem um olhar aguçado sobre esse lugar, onde geralmente passaríamos de carro sem notar qualquer aspecto fora do comum. Aliás, como acontece em qualquer lugar em que não exercemos uma percepção mais aprofundada. No bairro em questão, muitos edifícios e algumas casas. São ruas basicamente residenciais, em que o velho seu Francisco mantém um controle quase senhoril, como se fosse um antigo engenho. Ele é proprietário da maioria dos imóveis do entorno. Seus familiares também moram nas proximidades, muitos inclusive trabalhando como corretores de imóveis.


Tudo parece comum. Na realidade, é exatamente isso: o cotidiano comum. O Som ao Redor não aposta em um grande protagonista, em uma história de amor impossível ou em algum herói justiceiro. Kléber Mendonça Filho explora os mínimos detalhes de um cotidiano desgastante, marcado por invasões comuns a todos nós. Invasões corriqueiras, como a empregada chegando para trabalhar de manhã e flagrando o patrão com a namorada no sofá, ou o latido do cachorro do vizinho que inferniza a vida de uma dona de casa.

A normalidade do bairro é quebrada com a chegada de um grupo de seguranças, com toda a pinta de ex-policiais. Eles passam de casa em casa e oferecem o serviço. Vão vigiar a vizinhança das 19h às 7h ao preço de 20 reais por família. Contudo, mais importante que a aprovação dos moradores é a benção do Seu Francisco. Essa é mais uma das invasões de O Som ao Redor, pois eles chegam e se instalam na rua, sob o pretexto de trazer ordem.

Mas o grande mérito de Mendonça é não superdimensionar os acontecimentos do filme, que em certo momento ganha ares de suspense. Mas é um suspense sufocante, sem monstros ou bandidos, apenas com pessoas e suas relações com o normal.

O Som ao Redor é um filme que trás atores pouco conhecidos, mas atuações seguras, intimista em alguns aspectos. Mendonça não estabelece exageros, trabalha o tempo todo de forma linear, o que nunca deixa a narrativa longe do espectador. Não considero um filme fácil para qualquer público, mas se trata, de maneira geral, de mais um grande filme nacional.

Gênero: Drama
Duração: 131 min.
Origem: Brasil
Direção: Kléber Mendonça Filho
Roteiro: Kléber Mendonça Filho
Distribuidora: Vitrine Filmes
Censura: 16 anos
Ano: 2012
Classificação PoA Geral 
- Obra
- Baita Filme
X Bom Filme
- Bem Bacana
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo

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