segunda-feira, 13 de maio de 2013

Filme de Segunda 111

Somos Tão Jovens


Somos tão Jovens é o tipo de filme que acaba sendo uma decepção dupla. Primeiro, por se tratar de um filme comum. Segundo, por se tratar da cinebiografia de um ídolo pop - que potencializa a expectativa de quem vai assistir. Tem ainda um terceiro fator: não é fácil aceitar que um filme sobre alguém de quem gostamos é fraco. Como já adiantei, Somos tão Jovens é comum.

A parceria entre o diretor Antonio Carlos Fontoura e o roteirista Marcos Bernstein não encaixa. Homens do cinema brasileiro que já trabalharam em filmes interessantes, não souberam lidar com a personalidade excêntrica de um ícone pop ainda em formação na vidada dos anos 70 pra 80.

Talvez esteja aí o maior equívoco do filme, o espaço-tempo. Tudo ocorre entre o início do Aborto Elétrico e a disseminação dessa banda para a criação do Capital Inicial e Legião Urbana. Quando a cena roqueira pensa em começar a engatinhar fora de Brasília, o filme acaba.

O longa tem 104 minutos. A impressão que fica é de que, por preguiça, não trabalharam mais uns 20 minutos para a construção do personagem Rento Russo e qual o destino daquele adolescente. Não há, em Somos tão Jovens, nenhum tipo de flashback que explique ou faça alusão à infância de Renato, como e quando veio do Rio de Janeiro para Brasília, seu gosto por rock etc. É o tipo de filme pra ter, no mínimo, duas horas.

Ao não se estender nem pra frente ou pra trás na história do astro, Somos tão Jovens vira praticamente a novela Malhação. Trata de toda aquela cena roqueira de Brasília, formada invariavelmente por adolescentes, de forma superficial e boba. Faltou coragem pra falar de política, sexualidade, drogas e depressão. Faltou ousadia.

Dentro desse contexto "Malhação", o propósito que guia o filme também é equivocado. O roteiro vai se amarrando em função da amizade de Renato e Aninha, quando, na verdade, tudo deveria ser Renato. O líder da Legião Urbana era alguém de personalidade marcante, de relacionamento complicado, perturbado, perfeccionista, compositor de mão cheia. Um cara perfeito para segurar um filme praticamente sozinho.

Thiago Mendonça e Laila Zaid estão até bem no filme. Fazem aquilo que Somos tão Jovens pede. O Renato de Thiago Mendonça já apresenta movimentos que alguns anos depois o mesmo repetiria no palco, diante fãs alucinados. Além do mais, dispara frases que, ali na frente, virariam músicas consagradas (este, um clichês desnecessário).

Vale pela nostalgia. Vale pela curiosidade de saber como foram compostas algumas canções. Vale pelo registro daqueles cinco ou seis anos de construção de uma cena. Como cinebiografia do líder da maior banda de rock do Brasil, fica devendo.

Gênero: Drama
Duração: 104 min.
Origem: Brasil
Direção: Antonio Carlos Fontoura
Roteiro: Marcos Bernstein
Distribuidora: Imagem Filmes e Fox Film do Brasil
Censura: 14 anos
Ano: 2011
Classificação PoA Geral 
- Obra
- Baita Filme
- Bom Filme
X Bem Bacana
- Meia-boca
- Ruim
- Péssimo 

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