sábado, 6 de outubro de 2012

Considerações sobre a polêmica derrubada do tatu

Sem dúvida nenhuma foi um ato de estupidez aquele que aconteceu na noite de quinta-feira, no centro de Porto Alegre, que acabou na derrubada do tatu-bola inflável, mascote da Copa do Mundo de 14, patrocinado pela Coca-Cola. E foi estupidez de ambas as partes: BM e manifestantes. Desde já esclareço minha posição favorável às manifestações e, acho que sim, seria legal e até certo ponto significativo furar o Tatu. Porém, não da forma que foi feito.

As imagens são claras. Houve excesso da Brigada Militar. Foi uma reação descabida sobre quem protestava contra a privatização do espaço público promovida pela administração Fortunati. É ridículo o modo como a BM escoltou o mascote, que pertence à coca-cola e estava cercado, portanto, é um bem privado, não justificando o número de efetivo dos funcionários do Estado. Também causa espanto o modo completamente alucinado com a BM reagiu contra o grupo de manifestantes. As imagens não deixam dúvida.


Por outro lado, é preciso registrar a falta de prudencia dos manifestantes. Desde o final da tarde do mesmo dia, já rolava nas redes sociais o boato que tentariam derrubar o mascote de Copa. O ato no Araújo Vianna, na noite anterior, durante e depois do show do Tom Zé, também era um sintoma. Evidentemente, não era esse o momento ideal para uma ação como esta de quinta-feira à noite.

É preciso colocar na balança o valor das coisas. Algumas pessoas (segundo relatos, menos que dez) decidiram enfrentar o Brigada e investir contra o tatu. Era preciso lembrar que é só um tau-bola inflável, e um objeto de plástico não pode valer a integridade física de tantas pessoas (essa última frase também serve para a BM).

Em Porto Alegre, o Largo Glênio Peres tem um significado popular valioso para a cidade. Sempre foi palco para manifestações púbicas, comícios políticos, artistas de rua e feiras populares. É natural que se queira resgatar e revitalizar esse espaço, que fica em frente ao Mercado Público. Mas entregá-lo nas mãos da Vonpar/Coca-cola não pode ser a única alternativa.

Entretanto, mesmo levando em consideração todo o contexto do Largo Glênio Peres, os manifestantes assumiram um risco muito maior do que era necessário.

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