segunda-feira, 18 de junho de 2012

Filme de Segunda 73

Deus da Carnificina

Notem a força do título do mais recente filme do cineasta Roman Polanski. O nome nos remete a um certo peso que não é real, não se concretiza na tela. Não estou dizendo que não há peso em Deus da Carnificina. O filme é dotado de uma série de pesos comuns no cotidiano e nas relações humanas: a hipocrisia, o sarcasmo, o estresse e o moralismo. Ao contrário de como sugere o título, Deus da Carnificina não é um thriller de suspense ou terror.

Polanski faz aqui uma adaptação da peça Le Dieu du Carnage, de Yasmina Reza, um texto que tem várias montagens no mundo inteiro. O diretor respeita o espaço teatral, e este é um dos aspectos mais interessantes. A uma hora e vinte e poucos minutos de filme se passa dentro de um apartamento. A imensa maioria do tempo, em uma sala, com dois sofás, uma mesa de centro e mais alguns outros móveis. Em raros momentos os quatro personagens principais (e únicos em cena) se deslocam, ora para o quarto, ora para o banheiro. O mais longe que vão é até a porta do elevador, mas decidem não ir embora.
O texto cômico dramático despe completamente o ser humano e o leva ao limite da civilidade, indo do racional ao patético com uma facilidade constrangedoramente engraçada. Mente quem não se reconhece, ao menos em uma cena, em Deus da Carnificina. E para um texto tão visceral e teatral, atores esplendidos e perfeitos em seus papeis: Kate Winslet e Christoph Waltz interpretando o garboso e elegante casal Nancy e Alan; e Jodie Foster e John C. Reilly dando vida ao casal classe média e gente fina Penelope e Michael.

Os quatro se encontram no apartamento de Penelope e Michael para conversarem sobre a briga entre seus filhos de 12 anos. O filho de Nancy e Alan bateu com um porrete e quebrou dois dentes do outro garoto. Os pais decidem se encontrar e conversar civilizadamente sobre o ocorrido. É o que fazem, nos primeiros 20 minutos, quando as coisas começam a sair do controle.

O ambiente fechado canaliza e amplia as características de personalidades de cada um deles. É muito perturbador como tudo aquilo pode ser engraçado. O exacerbado moralismo de Penelope e Nancy, e visível indiferença dos homens - cada um à sua maneira.

Sem dúvida, em Deus da Carnificina, Roman Polanski nos brinda com uma bela comédia.- que não é como as outras e que não é para qualquer público.

Gênero: Comédia e Drama 
Duração: 80 min.
Origem: França, Espanha, Polônia e Alemanha
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski
Distribuidora: Imagem Filmes
Censura: 10 anos
Ano: 2011


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