quarta-feira, 22 de junho de 2011

Orgulho hétero é arrogância

Tramita pela Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 294/2005, do vereador do DEM Carlos Apolinário, que institui no município o Dia do Orgulho Heterossexual, que seria comemorado sempre no terceiro domingo de cada mês. Esse projeto seria votado hoje (22), mas acabou ficando de lado e ainda aguarda nova data para entrar em pauta novamente.
Li algumas declarações do vereador Carlos Apolinário e não há doses de homofobia a la Bolsonaro. Longe disso. Mas, sem dúvida, há certa dose de ignorância e de arrogância. Pois, afinal, por quais direitos precisam lutar os heterossexuais?
Quando se critica a parada gay ou até mesmo o dia da consciência negra, não raro ouve-se um ou outro questionando sobre a não existência da parada hétero ou do dia da consciência branca. Algumas pessoas não tem a capacidade de fazer uma leitura da sociedade que as permita perceber que algumas classes tem mais dificuldades de se afirmar como cidadãos, de conquistar melhores posições e de serem aceitos como são. Muitas dessas dificuldade e necessidade de se auto-afirmar é fruto da arrogância do homem branco, heterossexual, de crença judaico-cristã, que ocupa as melhores posições dentro da nossa sociedade, inclusive no setor político, setor que é berço de todas as leis que regem o Estado e o modo de vida do seu cidadão.
Ou será que os heterossexuais querem conquistar o direito de não poder adotar uma criança? Ou o direito de não poder beijar em público sem ser vítima de olhares ameaçadores ou até mesmo agressões físicas? Querem o direito de serem escorraçados pela Igreja Católica ou atacados verbalmente como faz o Pastor Silas Malafaia?
Não. O dia do orgulho heterossexual seria apenas mais uma forma de arrogância, mas prevista em lei. Porque não teria nenhum valor social, de conquista de espaço nem de direitos. Existiria por existir, pela ignorância, pela necessidade de se dizer e se mostrar macho, como se isso fosse necessário, como se isso fosse tabu.

Um comentário: