terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vinho


Não entendo de bebida alcoólica. Não tenho o costume de beber. De vinho, pra mim tanto fez quanto tanto faz. Não me pergunte se é seco, tinto, branco, molhado ou cor de uva. Porém, ouço muito falar que vinho bom é vinho envelhecido. As pessoas gostam muito de um 12 anos ou daquele da safra de mil novecentos e minha avó com dentes . Pois bem, acredito nelas, elas entendem de vinho.

Curioso é minha relação com o cinema. É parecida com os apreciadores de um bom vinho. Acontece um fenômeno que é o seguinte: geralmente não consigo alugar filmes recém lançados em DVD, ou assisto nas telonas do cinema ou o filme terá de envelhecer uns três anos na prateleira da videolocadora. Acontece, mas não é de propósito. Isso muito tem a ver com minha idade, claro. Filmes fantásticos foram feitos antes de 1989. Preciso correr atrás do tempo. É o preço que se paga por ser jovem.

Uma vez dentro da videolocadora, diante aquela infinidade de filmes, os mais empoeirados acabam me chamando mais a atenção. Até porque é mais fácil alugar um filme desses, já consagrado, cheio de grandes atores, e que já te recomendaram milhões de vezes. Já estamos condicionados a gostar do filme. Por um lado é bom, gosto disso.

Nas últimas duas semanas assisti a 5 grandes filmes. Todos em DVD, no aconchego do lar. Como não é de se surpreender, apenas um deles é recente.

Tudo começou há duas semanas, com o Laranja Mecânica, de 71, do genial Kubrick. É incrível, o filme só falta ter cheiro. Na sequência, outro cineasta de mão cheia, Walter Salles, e o seu premiado Abril Despedaçado. Filme de poucas palavras e de muitas impressões sobre o sertão do nosso país. Rodrigo Santoro mais uma vez em bela atuação, o que já não é novidade.

Pulando para o mais recente final de semana, outro clássico, Perfume de Mulher, com Al Pacino. Filme de 92, ganhador do Oscar de melhor ator (Al Pacino, obviamente) e indicado ao melhor filme do ano. E para aquecer os corações, Antes do Amanhecer, filme de 95 que se passa na Europa. Um romance que não é meloso, e mesmo assim não deixa de ser um grande romance. Antes do Amanhecer ganhou continuação em 2004, conta com o mesmo casal de protagonistas e com a mesma direção de Richard Lenklater. Dizem ser tão bom quanto o primeiro, chama-se Antes do Por-do-Sol.

Esses citados não precisam da minha indicação, muito menos do meu comentário. Filmões. Consagrados. É um prazer assisti-los.


O filme mais novo da lista é novo mesmo. Desse ano, com indicações ao Oscar e tudo mais. Trata-se de O Lutador. Um drama melancólico, que conta a decadência, em todos os sentidos, de um lutador de luta livre. O centro do filme é a personagem de Mickey Rourk, o foco da história em nenhum momento sai dele, uma das marcas desse belo drama. A câmera segue Rourk como num documentário.


Do mesmo diretor de Réquiem para um Sonho, O Lutador faz por merecer a nossa atenção. Desde as interessantes cenas de lutas combinadas, passando pela linda e quase cinquentona Marisa Tomei, até a comovente história de Randy Robinson, encarnado por Mickey Rourk. O trabalho de Rourk no longa, que às vezes confunde-se até mesmo com a sua vida real, inclusive, lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor ator dramático de 2009. O prêmio e melhor trilha sonora também foi de O Lutador, través da canção "The Wrestler" de Bruce Springsteen.


2 comentários:

  1. bah, grande filme mesmo o lutador.... marisa tomei cada dia mais gostosa, ela eh como vinho...
    quanto a questão de filmes mais antigos... tbm adoro essa tatica, parece que os mais antigos por não terem as maravilhas de tecnologia, foram filmes mais bem pensados em todos os detalhes, se preocupavam com as histórias e não soh de efeitos... melhores filmes de ação e ficção são anos 80, guerra anos 90... hoje em dia os melhores são os de historias, romance...

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  2. Boa, Ricky!

    E comecei o texto com a analogia do vinho... e no fim não usei com a Marisa Tomei! Bem lembrado, meu caro!

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